O presidente americano Barack Obama conversará com seu colega Uhuru Kenyatta sobre temas econômicos, luta contra o terrorismo, democracia e respeito aos direitos humanos durante sua visita ao Quênia neste fim de semana.
Leia Também
ECONOMIA
Oficialmente, Barack Obama viaja ao Quênia para dar um discurso em uma cúpula internacional sobre negócios no sábado na capital, no qual destacará "os avanços e o potencial" do país, segundo o presidente queniano.
Também está previsto que Washington e Nairóbi assinem vários acordos referentes ao setor das infraestruturas e da saúde durante a visita.
A intensificação dos investimentos e das relações comerciais tomarão conta da maior parte dos encontros bilaterais de sábado. Os Estados Unidos são o segundo sócio comercial do Quênia, atrás da União Europeia. Embora o Quênia tente fomentar os investimentos estrangeiros, o país ainda arrasta uma má reputação por sua corrupção, ocupando a posição 145 de 175 no índice estabelecido pela ONG Transparência Internacional.
TERRORISMO
A segurança e a luta contra o terrorismo serão uma questão central das discussões com Obama, disse Kenyatta, lembrando que seu país "trabalha em estreita cooperação com os serviços americanos" para combater a ameaça do Al-Shebab, um grupo islamita somali filiado à Al-Qaeda.
O Quênia foi fortemente atingido pelo fundamentalismo islâmico desde 1998, ano em que o grupo Al-Qaeda atacou a embaixada americana em Nairóbi matando 224 pessoas. Em 2011, as tropas quenianas entraram na Somália para combater os shebab e posteriormente se uniram à Amisom (a força da União Africana) em apoio ao governo somali contra o terrorismo.
Como resposta a esta participação, os shebab intensificaram suas operações no Quênia, com ataques espetaculares como o do centro comercial Westgate de Nairóbi, em setembro de 2013 (67 mortos), ou o da universidade de Garisa (148 mortos) em abril.
DIREITOS HUMANOS
A agenda das discussões também inclui questões relacionadas ao respeito à democracia, e as autoridades americanas já deixaram claro que a promoção dos direitos humanos será um ponto chave.
Obama planeja se reunir com representantes de duas ONGs muçulmanas incluídas em uma lista de organizações acusadas de apoiar o terrorismo após o ataque em Garissa.
Um ponto de fricção neste tema pode ser a questão dos direitos dos homossexuais. O vice-presidente queniano, William Ruto, é abertamente homofóbico. Kenyatta declarou que os direitos dos homossexuais "não são um problema para as pessoas deste país" e não estarão no programa.
JUSTIÇA
Segundo Uhuru Kenyatta, Obama também se reunirá com Ruto, acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade após os episódios de violência pós-eleitorais do Quênia de 2007.
A visita de Obama ao Quênia foi dificultada durante muito tempo pela acusação contra o próprio Kenyatta pelo TPI. As investigações foram abandonadas em dezembro devido, segundo os promotores do TPI, à obstrução do governo de Nairóbi.
O fato de não ter sido feita justiça com as vítimas daqueles acontecimentos de 2007 também pode ser abordado nos dias posteriores.