O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, avisou nesta quarta-feira (29) que antecipará as eleições legislativas se não recuperar a maioria no parlamento para implementar o novo plano de ajuda à Grécia, que, segundo ele, virá acompanhado pela redução da dívida pública.
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Reconhecendo a divisão do Syriza, partido de esquerda que dirige, Tsipras está disposto a antecipar as eleições legislativas, mesmo sendo "o último a querer eleições".
Em uma entrevista de duas horas à rádio "Sto Kokkino", próxima ao Syriza, Tsipras manteve um tom duro em relação aos deputados de seu grupo parlamentar que votaram contra as primeiras reformas solicitadas pelos credores da Grécia, em 15 e 22 de julho, em troca da manutenção de seu financiamento.
"Se não tivermos maioria parlamentar, nos veremos obrigados a (convocar) eleições" antecipadas, disse Tsipras durante a entrevista.
O dirigente, que chegou ao poder no final de janeiro, disse também que os credores se comprometeram a estudar uma redução da dívida do país, que chega a aproximadamente 170% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo as últimas estatísticas europeias.
"O mais importante é que temos um compromisso para reduzir a dívida em novembro depois da primeira auditoria do programa de ajuda, que a Grécia ainda está negociando com a União Europeia (UE) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), disse.
As duas votações de julho provocaram um racha no Syriza, quando mais de 30 dos seus 149 deputados votaram contra essas medidas de austeridade em cada uma das votações no parlamento.
Embora o primeiro-ministro ainda tenha o apoio de 13 deputados do partido de direita Anel, o governo não teria o mínimo de 151 deputados (de um total de 300) necessário para implementar o novo acordo, sem a oposição (Nova Democracia, Pasok e To Potami), se o apoio fosse retirado.
A próxima prova será a adoção pelo parlamento, a princípio em agosto, da integralidade do plano de mais de 80 bilhões de euros em três anos, cujas modalidades estão sendo avaliadas pelos dirigentes gregos e os representantes dos credores do país.
Os especialistas técnicos e os altos funcionários das instituições credoras da Grécia trabalham nessa semana em Atenas para supervisionar o estado das finanças gregas.
"A negociação se desenvolve em boas condições de cooperação", disse o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, em uma entrevista.
No ministério grego das Finanças, uma fonte comemorou o "bom clima" das negociações nesta quarta-feira.
- Convenção do Syriza -
Durante a entrevista, Tsipras também confirmou a realização de uma convenção do Syriza, no início de setembro, considerando "este contexto de urgência".
"Deve-se admitir que o Syriza não se transformou em um partido unido (...), e eu sou o maior responsável", reconheceu.
Os dissidentes do Syriza se opõem ao acordo que Tsipras concluiu no dia 13 de julho com a União Europeia e com o Fundo Monetário Internacional para o novo plano de ajuda em troca de mais austeridade e reformas.
Segundo a imprensa grega, os credores acreditam que o PIB do país cairá entre 2 e 3% neste ano, contra uma previsão de crescimento de 0,5%.
Essa conjuntura deve-se, sobretudo, à lentidão das negociações da Grécia com os credores, que prejudicou a economia do país desde a chegada do Syriza ao poder em janeiro. A isso, soma-se o controle de capitais, em vigor desde 29 de junho.
Esta deterioração torna ainda mais urgente a reestruturação da dívida grega, que a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, afirmou novamente ser "inevitável" para que o resgate do país seja viabilizado.