Perdão

Papa concede poder a padres para que perdoem católicas que abortaram

O anúncio foi feito por meio de uma carta ao presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização

Da AFP
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Publicado em 01/09/2015 às 11:20
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O anúncio foi feito por meio de uma carta ao presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização - FOTO: Foto: AFP
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O papa Francisco anunciou nesta terça-feira (1) que os padres de todo o mundo poderão conceder durante o ano do Jubileu o perdão às mulheres que abortaram e às pessoas que os realizaram, um pecado que considera um drama "injusto" e "uma derrota".

O anúncio foi feito por meio de uma carta ao presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, na qual autoriza todos os padres durante o ano do Jubileu, que começa em dezembro, a absolver as mulheres que se arrependeram do aborto.

"Conheço bem as condições que conduziram (as mulheres) a esta decisão. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres que levavam em seu coração uma cicatriz por esta escolha sofrida e dolorosa", escreveu o Papa que nasceu na América Latina, onde o aborto é ilegal em muitos países.

"Alguns vivem o drama do aborto com uma consciência superficial, quase sem perceber o gravíssimo mal que comporta um ato deste tipo. Muitos outros, porém, inclusive vivendo este momento como uma derrota, consideram não ter outro caminho por onde ir", completa.

"O perdão de Deus não pode ser negado a qualquer um que tenha se arrependido", ressalta o pontífice ao anunciar a medida excepcional.

"Eu decidi conceder a todos os padres para o Ano Jubilar (8 de dezembro de 2015 a 1 de setembro de 2016), apesar de qualquer questão contrária, a faculdade de absolver do pecado do aborto aqueles que o tenham praticado e arrependidos de coração pedem por isto o perdão", escreveu Francisco.

"Os padres devem se preparar para esta grande tarefa, sabendo conjugar palavras de genuína acolhida com uma reflexão que ajude a compreender o pecado cometido, e indicar um caminho de conversão verdadeira", explica.

Segundo as normas da Igreja, os bispos são os responsáveis por conceder o perdão de acordo com o caso.

O direito canônico considera o aborto uma falta particularmente grave que implica a excomunhão automática, exceto se a pessoa for forçada a fazê-lo.

Francisco, que convocou um jubileu extraordinário dedicado à "misericórdia", durante o qual a Igreja concede a indulgência plenária, deu o direito a todos os padres do planeta de conceder o perdão pelo aborto.

Este é um tema delicado, pois no passado, durante o papado de Bento XVI, a posição da Igreja sobre a questão era particularmente severa e chegou a apoiar em 2009 a excomunhão de uma mulher e dos médicos que ajudaram no aborto de uma menina de 9 anos violentada pelo padrasto, considerando que o estupor era "menos grave que o aborto".

Na carta, o pontífice explica ainda que o Jubileu deve ser entendido como uma "grande anistia" que absolve os pecados dos enfermos, dos idosos e dos presos.

"Que a todos eles chegue realmente a misericórdia do Pai que deseja estar perto de quem mais necessita de seu perdão", escreveu.


Indulgência

Aos detentos, a carta afirma, com o estilo particular do papa, que "nas capelas das prisões poderão ganhar a indulgência, e cada vez que atravessem a porta de sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, possa este gesto ser para eles o passo da Porta Sagrada, porque a misericórdia de Deus, capaz de converter os corações, é também capaz de converter as grades em experiência de liberdade".

Francisco envia na carta uma mensagem de reconciliação aos ultraconservadores do movimento lefebvrista da Fraternidade São Pio X, excomungados há três décadas por João Paulo II.

Ele afirma aos católicos que frequentam as igrejas nas quais os padres da Fraternidade de São Pio X celebram missas que o "Ano Jubilar da Misericórdia não exclui ninguém".

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