Um caos tomou conta da fronteira entre a Hungria e a Áustria neste sábado (5), para onde milhares de refugiados foram levados de ônibus desde a noite anterior para cruzar a divisa em direção à Europa Ocidental.
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Segundo a polícia austríaca, mais de 6.000 solicitantes de asilo entraram na Áustria vindos da Hungria até o início da tarde, com muitos tendo também viajado de trem em direção à capital, Viena, ou a outros destinos.
Em Munique, desembarcaram 1.000 dos 10.000 refugiados, muitos deles sírios e afegãos, que a Alemanha previa que chegariam em trens especiais durante todo o sábado.
A reportagem percorreu a estrada por onde trafegaram os ônibus que levaram os refugiados da capital húngara, Budapeste, para cruzar a fronteira até a cidade austríaca de Nickelsdorf. De lá, parte tem sido levada para Viena.
Nas margens da rodovia, era possível ver roupas, barracas e outros itens pessoais deixados para trás depois da chegada dos ônibus.
Para que os ônibus pudessem seguir para a Áustria sem mais distúrbios no fim de semana, parte da divisa entre os dois países foi fechada para carros e caminhões, causando um trânsito de mais de 20 km na região.
A Hungria decidiu oferecer transporte após dias de caos nas estações de trem da capital e da cidade húngara de Bicske. Na sexta, frustrados por dificuldades de embarcar para o oeste da Europa, milhares de refugiados saíram de Budapeste com a promessa de percorrer a pé os 170 km para chegar até a fronteira com a Áustria.
Citando a "situação emergencial na fronteira húngara", o chanceler austríaco, Werner Faymann, anunciou na madrugada deste sábado que a Áustria e a Alemanha permitiriam a entrada dos refugiados.
Os dois países tomaram a decisão apesar de as regras de asilo da União Europeia determinarem que os refugiados se registrem no primeiro país em que chegam.
BOA RECEPÇÃO
Em Munique, o governo alemã disponibilizou intérpretes do árabe para ajudar os refugiados nos centros de registro de emergência, informou a polícia, segundo a agência de notícias Reuters.
A recepção mais organizada contrastou com a desordem que prevaleceu na Hungria nos últimos dias, onde o governo de direita do premiê Viktor Orban sinaliza não concordar com a política de abrigo de refugiados.
"Na Hungria era uma situação simplesmente horrível", disse um homem identificado apenas como Omar ao chegar com sua família a Viena.
"Estamos felizes. Nós vamos para a Alemanha", disse um sírio que se identificou apenas como Mohammed também ao chegar à Áustria. Outro refugiado, que não quis se identificar, reclamou da Hungria. "Eles deveriam ser banidos da União Europeia. Que tratamento ruim".
Em meio a uma crise migratória na Europa, a Hungria estima ter recebido de 140 mil a 160 mil imigrantes somente neste ano.