Várias pessoas seguiam desaparecidas e dezenas continuavam bloqueadas nesta quinta-feira (10) à noite em casas e prédios após chuvas torrenciais causadas pela passagem de um tufão e que inundaram parte do Japão.
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Helicópteros ajudavam a resgatar a tarde os habitantes de uma pequena cidade invadida pelas águas de um rio que transbordou.
Mais de 100.000 pessoas receberam ordem para abandonar suas casas em vastas áreas do nordeste do arquipélago.
Dramáticas cenas exibidas ao vivo pelo canal público NHK mostravam a água procedente do rio Kinugawa invadindo a cidade de Joso, de 65.000 habitantes e localizada 60 km ao norte de Tóquio, que também sofreu com inundações no dia anterior.
Em Joso, as águas corriam com velocidade nesta quinta à tarde pela larga e profunda brecha aberta ao longo da margem do rio, destruindo casas e carregando carros.
Homens e mulheres se aglomeravam nos telhados e sacadas para escapar das correntes violentas.
Soldados foram enviados à cidade para ajudar as equipes de resgate.
"Eu nunca vi o Kinugawa destruir sua margem", declarou à AFP Akira Yoshihara, um residente de 63 anos. "Minha casa está localizada mais acima, mas temo que a água chegue lá hoje à noite", acrescentou.
Imagens da televisão mostraram um homem pendurado em um poste, enquanto a água girava em torno dele. Perto dali, um salva-vidas era suspenso a partir de um helicóptero para tirar uma pessoa de uma casa submersa. O homem agarrado ao poste foi então socorrida pelo helicóptero.
Outras pessoas desesperadas acenavam toalhas para chamarem a atenção das equipes de resgate.
200 pessoas bloqueadas
"Por favor, continuem pedindo ajuda. Por favor, não percam a esperança", afirmou um apresentador da NHK em uma mensagem supostamente dirigida aos habitantes da região.
Várias pessoas foram declaradas desaparecidas, segundo a imprensa, sete entre elas são de Joso.
No início da noite, a polícia e soldados da Defesa Civil resgataram ao menos 260 pessoas de Joso e de seus arredores, segundo a agência de notícias Jiji.
Mas cerca de 200 pessoas ainda estavam presas em suas casas ou outros edifícios, incluindo em uma creche e um asilo, segundo Jiji.
Após o anoitecer, as operações com helicópteros foram suspensas, enquanto os soldados permaneciam no local, de acordo com a Defesa Civil.
Joso está localizado na província de Ibaraki, onde a Agência Nacional de Meteorologia lançou um "alerta especial", o mais alto nível e raramente alcançado.
Um alerta semelhante foi emitida na província de Tochigi.
"Estas tempestades são de uma escala sem precedentes", constatou um funcionário da agência de meteorologia, Takuya Deshimaru, em uma coletiva de imprensa transmitida pela televisão.
As autoridades de Tochigi ordenaram a evacuação de mais de 90.000 residentes, e recomendaram o mesmo a outros 116.000, indicou a NHK.
Na província de Ibaraki, pelo menos 20.000 pessoas foram ordenadas a deixar suas casas.
"Nós sabemos que os prejuízos são extensos e afetam grandes áreas", disse à AFP um funcionário da prefeitura de Ibaraki.
As intensas chuvas agravaram um problema vinculado às águas contaminadas da central nuclear acidentada de Fukushima, depois que provocaram o transbordamento das bombas de drenagem do local, o que jogou água contaminada com radiação no oceano.
"A chuva tem uma escala que nunca havíamos registrado antes", disse a meteorologista Takuya Deshimaru.
O primeiro-ministro Shinzo Abe declarou que o governo está em alerta máximo.
"O governo permanecerá unido e fará todo o possível para lidar com este desastre. As pessoas são as nossas prioridades", disse.
O tufão Etau, que atingiu o Japão na quarta-feira, se deslocou para o Mar do Japão, mas as chuvas intensas ainda afetam o país.
Mais de 16 pessoas ficaram feridas, incluindo uma mulher de 77 anos que fraturou a perna ao cair em consequência dos fortes ventos.