Conflito

Ataques com faca se multiplicam em Jerusalém

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira que seu país vai superar essa onda de ataques

Da AFP
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Publicado em 12/10/2015 às 19:30
Foto: GALI TIBBON / AFP
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira que seu país vai superar essa onda de ataques - FOTO: Foto: GALI TIBBON / AFP
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Novos incidentes com faca em Jerusalém contra policiais e jovens judeus deixaram nesta segunda-feira (12) três agressores mortos, e uma mulher foi baleada, em um contexto de escalada de violência.

Os quatro ataques cometidos nesta segunda-feira (12) elevam para 19 o número de agressões com faca contra israelenses e judeus desde 3 de outubro.

Cometidos em sua maioria por palestinos e sem aparente coordenação, estes ataques deixaram mais de 20 feridos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira que seu país vai superar essa onda de ataques.

"O terrorismo não nos vencerá", disse no início de uma nova sessão do Parlamento.

Os ataques com faca são uma das principais formas de violência da atual escalada de confrontos em Jerusalém, Cisjordânia e Faixa de Gaza, que começou no início de outubro, quando supostos membros do Hamas mataram a tiros um casal de colonos judeus na Cisjordânia na presença de seus filhos.

Isso foi o ponto de partida para sucessivos confrontos e distúrbios entre palestinos e forças de segurança israelenses em Jerusalém Oriental e nos Territórios Palestinos.

A tensão é tão grande que aumenta a cada dia o risco de uma grande revolta palestina sob a forma de uma Terceira Intifada.

Além disso, retorna com força o medo dos atentados com bomba que, durante a Segunda Intifada, entre 2000 e 2005, semearam o terror entre a população israelense. A Primeira Intifada ocorreu em 1987.

O ministro palestino das Relações Exteriores, Riad al-Malki, considerou nesta segunda-feira "prematuro" classificar de Terceira Intifada a atual onda de violência em Israel e nos Territórios Palestinos. Segundo ele, a situação ainda pode ser controlada.

"É cedo para falar nesses termos (...) Acredito em que continua existindo uma possibilidade de controlar a situação, se Netanyahu colaborar", declarou Malki, durante uma coletiva de imprensa em Viena.

A série de ataques desta segunda-feira se soma a uma outra agressão registrada na noite de domingo no kibutz de Gan Shmuel (norte), onde um árabe-israelense de 20 anos esfaqueou dois soldados e dois civis israelenses depois de atropelá-los com seu veículo.

 

 

Tensão crescente

Nesta nova escalada já morreram ao menos 25 palestinos, entre eles dez supostos autores de ataques com faca.

A frustração palestina é crescente, depois de anos de expectativas descumpridas para conquistar um Estado próprio e da persistente ocupação israelense de seus territórios. A isso, soma-se a colonização hebraica nos territórios palestinos, ou em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel após a Guerra Árabe-Israelense de 1967, e depois anexada.

Além disso, os funerais que se sucedem alimentam a raiva de uma juventude palestina desiludida e revoltada com seus próprios líderes.

Centenas de jovens, carentes de líderes, vão todos os dias desafiar a morte perto dos postos de controle israelenses na Cisjordânia, lançando pedras contra os soldados hebreus, que respondem com balas reais.

Muitas crianças, algumas com vestes militares, encapuzadas e segurando armas de plástico se uniram nesta segunda-feira às centenas de pessoas que carregavam o cadáver, envolvido na bandeira palestina, de Ahmed Sharake, de 13 anos, no turbulento campo de refugiados de Jalazone. O jovem morreu no domingo em distúrbios em Ramallah.

"Foi sem me avisar. Vi na televisão que havia um morto. Só depois soube que era Ahmed", conta à AFP sua desolada mãe, Houda.

Uma pesquisa recente revelou que a maioria dos palestinos é a favor de um retorno da rebelião armada na ausência de negociações de paz.

Além disso, os mortos dos últimos dias colocam seriamente à prova o cessar-fogo observado em Gaza desde o fim de agosto de 2014, após um sangrento conflito de 50 dias entre Israel e o Hamas.

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