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Os pré-candidatos do Partido Republicano à eleição presidencial de 2016 colocaram a guerra contra o "radicalismo islâmico" e a declaração antimuçulmana de Donald Trump no centro do quinto debate antes das primárias, realizado na terça-feira (14) em Las Vegas.
"Estados Unidos está em guerra. Nosso inimigo (...) é o terrorismo radical islâmico", disse o senador ultraconservador de origem cubano Ted Cruz, segundo nas pesquisas.
"Nossa liberdade está sob ataque", afirmou Jeb Bush.
"O país está fora de controle", declarou o magnata Donald Trump, que lidera as pesquisas depois de ter afirmado que deseja fechar temporariamente as fronteiras dos Estados Unidos aos muçulmanos.
A sete semanas do início das primárias, os nove pré-candidatos republicanos em melhor posição nas pesquisas protagonizaram um debate no hotel The Venetian, em Las Vegas, que foi dominado pelas consequências dos atentados de Paris e San Bernardino.
Um a um, os aspirantes republicanos citaram com gravidade as ameaças jihadistas e prometeram maior determinação ante a suposta fragilidade do presidente Barack Obama para defender o país.
A nota discordante sobre o tema foi apresentada pelo senador Rand Paul, representante da ala libertária do Partido Republicano.
"Se proibirmos certas religiões, se censurarmos a internet, os terroristas terão vencido", disse.
Mas todos foram unânimes em atacar o governo do presidente Barack Obama, a quem acusaram de ceder ao "politicamente correto", que - afirmaram - teria debilitado as defesas americanas ao, por exemplo, aceitar refugiados sírios.
"Fomos traídos pela liderança de Barack Obama e Hillary Clinton", disse o governador de Nova Jersey, Chris Christie, em referência à ex-secretária de Estado que lidera a disputa interna do Partido Democrata.
Bloquear a Internet?
O debate ressaltou as falhas dos serviços de inteligência em identificar o casal americano-paquistanês que matou 14 pessoas em San Bernardino, Califórnia, e antes os irmãos Tsarnaev, autores dos atentados da maratona de Boston em 2013.
Os republicanos criticaram o governo Obama por supostamente não ter interceptado as comunicações dos criminosos nas redes sociais.
"Cada pai nos Estados Unidos confere as redes sociais e os patrões também, mas o governo não pode fazê-lo?", questionou Carly Fiorina, ex-presidente da Hewlett Packard, que alardeou ter colaborado com a Agência de Segurança Nacional (NSA) quando comandava a gigante de tecnologia.
Donald Trump argumentou que bloquearia o acesso à internet em áreas do Iraque e da Síria controladas pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
"O EI usa a internet melhor do que nós", lamentou. "Me falam de liberdade de expressão. Eu não quero que eles usem nossa internet", completou. O esperado embate entre os dois líderes nas pesquisas, Donald Trump (média de 33%) e Ted Cruz (16%) - não aconteceu, no entanto.
"Entendo porque Donald fez sua proposta sobre os muçulmanos", afirmou Cruz. "Vamos deter os ataques terroristas antes que aconteçam porque não seremos politicamente corretos", disse.
As críticas ao favorito vieram, novamente, de Jeb Bush."Donald, não vai ganhar a presidência à base de insultos", disse o ex-governador da Flórida.
O senador Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos, criticou o fato de Cruz ter apoiado a proibição da coleta de metadados telefônicos pela NSA, e também pelo tema da imigração ilegal, um ponto importante na disputa republicana.
Rubio disse estar "aberto" a que os imigrantes sem documentos, após dois anos de status temporário, "recebam um green card", o que abriria a porta para a eventual obtenção da cidadania.
"Nunca apoiei a legalização", rebateu Cruz.
Trump não teve destaque no evento de Las Vegas, como aconteceu nos debates anteriores. Mas isto não impediu que conseguisse manter a vantagem sobre os rivais.
O populismo anti-imigração e antimuçulmano do magnata parece tocar um ponto sensível entre os conservadores. De acordo com uma pesquisa Washington Post/ABC, 59% dos eleitores republicanos elogiam a ideia de fechar a fronteira aos muçulmanos.
"Tocou em um ponto sensível", afirmou, em tom de aprovação, o ex-governador Mike Huckabee mais cedo, durante o debate prévio com os quatro pré-candidatos republicanos em pior situação nas pesquisas.
Mas o ex-governador de Nova York George Pataki rejeitou completamente a ideia: "É antiamericano, inconstitucional e incorreto".