EUA

Alternativas de Obama em último ano na Casa Branca

Último ano de um presidente americano à frente do governo costuma ser difícil e frustrante

Da AFP
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Publicado em 28/12/2015 às 12:09
Foto: Michael Reynolds /EPA /Agência Lusa
Último ano de um presidente americano à frente do governo costuma ser difícil e frustrante - FOTO: Foto: Michael Reynolds /EPA /Agência Lusa
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Em 20 de janeiro de 2017, Barack Obama deixará a Casa Branca. Ele tem pouco mais de um ano na Presidência dos Estados Unidos antes de que historiadores façam o balanço de seus anos no poder e lhe atribuam um lugar nos livros.

O último ano de um presidente americano à frente do governo costuma ser difícil e frustrante. Com as atenções do país voltadas para as eleições presidenciais, os americanos dão menos atenção ao seu comandante-em-chefe, seus conselheiros pensam em seu próprio futuro e os senadores se esquecem da arte do compromisso.

"Tradicionalmente, o partido de oposição está concentrado nas próximas eleições e é ainda menos inclinado a fazer uma concessão", avalia Julian Zelizer, professor de ciências políticas da Universidade de Princeton.

Mas a história política americana mostra que os últimos doze meses à frente da Casa Branca nem sempre são estéreis.

"Nunca fui tão otimista sobre o ano que vem", disse Obama antes de sair de férias para o Havaí, seu estado natal.

Em busca de acordos limitados no Capitólio, agindo por decreto ou enviado fortes sinais simbólicos, seguem os sete temas sobre os quais o 44º presidente dos Estados Unidos pode esperar mover frentes antes de deixar o poder.

- Fechar Guantánamo:

Desde 2009, Obama se empenha em fechar esta emblemática e polêmica prisão em Cuba, "que os terroristas usam para recrutar".

No começo de 2016, o presidente deve apresentar ao Congresso uma proposta detalhada para transferir a solo americano os detidos ali. Consciente de que as oportunidades de conseguir um voto favorável são poucas, também pode agir por decreto.

- Completar o acordo de livre comércio Ásia-Pacífico

Resultante de uma sofrida negociação que levou cinco anos, este amplo acordo de livre comércio com 11 países do Pacífico é uma das grandes vitórias de Barack Obama em 2015. Falta superar o último obstáculo: o Congresso.

Até agora, o presidente confiava em seus adversários republicanos, tradicionalmente mais favoráveis a estes acordos, para avançar. Mas as recentes declarações contraditórias de seus líderes e os cálculos políticos próximos às eleições poderiam complicar sua situação. O jogo está longe de ser vencido.

- Deixar sua marca no tema migratório

Como aconteceu com a reforma do sistema de saúde ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, Obama espera que os nove juízes da Suprema Corte lhe deem impulso para fazer avançar um dos seus grandes projetos: a reforma do sistema migratório.

Diante da paralisia do Congresso, ele decidiu há algum tempo optar pelos decretos, sem esperar a votação de uma hipotética lei para oferecer a cinco milhões de imigrantes em situação ilegal uma perspectiva de regularização. Cabe agora à Suprema Corte decidir.

- Regular as armas de fogo

"Temos este estranho hábito interromper a cobertura midiática durante dois ou três dias depois (de uma tragédia); repentinamente, passamos a outra coisa. (Em 2016), farei tudo o que puder para que este tema seja objeto de uma atenção continuada", declarou Obama recentemente.

Sua equipe trabalha em decretos que deveriam ser anunciados no começo do ano. Convencido de que a maioria dos americanos é favorável a estas medidas de "senso comum", Obama também quer fazer deste um tema eleitoral.

- Avançar em um acordo sobre a Síria

Ansioso por contrabalançar o sentimento - muito estendido nos Estados Unidos e em outros países - de que não conseguiu o suficiente neste tema, Obama espera fazer avanços militares e diplomáticos.

Pela primeira vez, os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, inclusive a Rússia, aprovaram um mapa do caminho para dar uma solução política para a guerra na Síria. Mas ainda falta fazer o mais difícil.

Em artigo intitulado "As ilusões de Obama e Kerry na Síria", Frederic Hof, do centro de estudos Atlantic Council, considera que o ângulo americano, se não evoluir, está condenado ao fracasso. E denuncia os limites de uma estratégia que se resume a "esperar" que o governo de Bashar al Assad, o Irã e a Rússia "por fim vejam a verdade, reconheçam seus erros e se comprometam a nunca mais falhar".

- Viajar a Cuba

Uma viagem a Cuba, carregada de simbolismo, marcaria o ponto culminante de uma aproximação com Havana, iniciado há um ano, causando surpresa geral e amplamente apoiada em Cuba, nos Estados Unidos, e também no mundo.

Obama indicou claramente que desejava ir a Cuba, mas condiciona esta viagem aos avanços sobre liberdades individuais e direitos humanos na ilha comunista.

- Ajudar na eleição de um democrata

Obama sabe melhor do que ninguém que se um republicano o suceder na Casa Branca, tentará desmontar todo ou parte de seu legado, da reforma no sistema de saúde ao combate às mudanças climáticas, passando pelo acordo histórico sobre o programa nuclear iraniano. "Acho que terei um sucessor democrata e farei campanha com força para que isto aconteça", prometeu.

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