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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi indiciado nesta terça-feira (16) por financiamento ilegal de sua campanha presidencial em 2012 - anunciou o procurador da República de Paris, em um comunicado.
O ex-chefe de Estado (2007-2012) foi ouvido durante toda a manhã pelo juiz de instrução do caso, que suspeita que suas contas de campanha foram fraudadas para esconder uma explosão do teto legal das despesas de 22,5 milhões de euros.
Sarkozy já havia sido indiciado em julho de 2014 por corrupção e por tráfico de influência em outro caso.
Dois dias depois de um Conselho Nacional do Partido Os Republicanos (direita), presidido por Sarkozy e no qual sua autoridade foi questionada, o indiciamento colocaria um novo obstáculo à sua candidatura às presidenciais de 2017.
O ex-presidente chegou à corte financeira às 07H40 GMT (05h40 de Brasília).
Sua convocação pelos juízes não foi uma surpresa, pois a investigação realizada desde fevereiro de 2014 sobre contratos superestimados entre o seu partido, a UMP (sigla de União para um Movimento Popular, que posteriormente adotou o nome Os Republicanos) e a empresa de serviços Bygmalion revelou um complexo esquema destinado a ocultar que suas contas de campanha para as eleições de 2012 tinham superado enormemente o montante autorizado de 22,5 milhões de euros.
No total, 18,5 milhões de euros teriam sido indevidamente incluídos no orçamento da UMP e não na campanha.
Treze pessoas foram indiciadas neste caso (membros do Bygmalion, da UMP e da equipe de campanha). Nenhuma delas acusou diretamente Sarkozy, que afirma que ignorava totalmente a existência de um sistema de contas falsas.
No entanto, a investigação demonstrou que o candidato da direita, adversário nas eleições em que saiu vencedor socialista François Hollande, tinha sido advertido por assessores sobre os riscos do aumento de gastos. Apesar disso, mais comícios foram organizados.
Um partido cada vez mais dividido
Sarkozy, que aos 61 anos continua sem digerir esta derrota, está fragilizado por vários outros casos na Justiça. Suspeito de ter tentado obter informação de um juiz sobre um caso que o atingia, já tinha sido indiciado por "corrupção ativa", "tráfico de influência" e "ocultação de violação do sigilo profissional".
No campo político, nada acontece como ele esperava quando decidiu voltar à vida pública. As pesquisas indicam que a maioria dos franceses não quer que ele retorne ao poder e, inclusive entre eleitores de direita, sua cota de confiança diminuiu.
O partido UMP - posteriormente Os Republicanos -, cujo comando assumiu em novembro de 2014 com o objetivo transformá-lo em uma máquina de guerra a serviço de suas ambições, está cada vez mais dividido.
As candidaturas às primárias da direita se multiplicam. Depois do ex-premiê Alain Juppé, se declararam candidatos o também ex-premiê François Fillon, o ex-ministro Bruno Le Maire e o ex-dirigente do partido Jean-François Copé.
Copé também está envolvido no caso Bygmalion como secretário-geral da UMP em 2012. A revelação do escândalo provocou sua demissão em 2014. A justiça o declarou recentemente testemunha assistida, o que ele interpretou rapidamente como um reconhecimento de sua inocência.
Sarkozy, por sua vez, ainda não declarou oficialmente sua candidatura às primárias, uma etapa que o obrigaria a deixar a presidência do partido, conforme preveem seus estatutos, e colocar-se no mesmo nível de seus adversários.