Combates estavam em andamento nesta quinta-feira (9) no centro da cidade de Sirte, reduto do grupo Estado Islâmico (EI) na Líbia, após a entrada das forças do governo que esperam reconquistar a cidade nos próximos dias.
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A perda de Sirte representaria um enorme revés para o EI, enquanto o grupo extremista enfrenta uma grande ofensiva apoiada pelos americanos e russos no Iraque e a Síria, os dois países onde está melhor estabelecido.
As forças leais ao governo de união (GNA) líbio "avançam rapidamente contra o EI na Líbia e começaram a entrar em seu reduto de Sirte", comemorou no Twitter Brett McGurk, enviado especial do presidente Barack Obama junto a coalizão internacional anti-EI.
Esta ofensiva contra a cidade portuária localizada 400 km a leste de Trípoli é realizada pelas forças terrestres, aéreas e marítimas.
Ela permitiu às forças do GNA avançar até o centro da cidade, "onde os confrontos continuam", principalmente nos arredores do centro de conferência Uagadugu, no qual o EI instalou um posto de comando, informou à AFP o porta-voz das forças armadas, Mohamad Ghassri.
"A operação não durará muito. Acredito que poderemos anunciar a libertação de Sirte em dois ou três dias", acrescentou.
Caças bombardeiros da Força Aérea líbia bombardearam durante o dia as posições do EI no centro.
As forças do governo também assumiram o controle do acesso marítimo para Sirte, impedindo que os extremistas fujam por mar da ofensiva das autoridades.
"Nossas forças controlam toda a costa de Sirte. Eles (os extremistas) não vão poder escapar por mar", disse à AFP o coronel Issa Rida, comandante das forças navais para a região central da Líbia.
As forças leais ao GNA anunciaram em 12 de maio o início da ofensiva para expulsar o EI da faixa costeira de cerca de 200 km de comprimento, controlada desde 2015 pelos extremistas.
Desde então, retomaram Abu Grein (130 km a oeste de Sirte), a base aérea de al-Gordabia, a usina termelétrica de Sirte e três quartéis localizados vinte quilômetros do centro da cidade.
E nesta quinta, os militares anunciaram a retomada de Harawa, uma das três cidades mais importantes da região, 70 km a leste de Sirte.
'Não é o fim do EI'
"O EI será em breve derrotado em Sirte, mas esse não vai ser o fim do grupo na Líbia", afirma Mohamed Eljareh, especialista da Líbia no Centro Rafik Hariri para o Oriente Médio.
O número de extremistas presentes em Sirte não é conhecido, mas serviços estrangeiros estimam em 5.000 homens a força do EI na Líbia. Da mesma forma, não é possível determinar o número de civis ainda presentes na cidade.
Em três semanas de ofensiva, 115 combatentes foram mortos e 300 feridos, de acordo com Aziz Issa, do hospital em Misrata.
Simbolicamente, os combatentes pró-GNA destruíram as estruturas de um quadro de avisos em Sirte que o EI usada para expor, em posição de crucificação, pessoas executadas, de acordo com imagens divulgadas nas redes sociais.
As forças do GNA são compostas principalmente por combatentes das milícia de Misrata (150 km a oeste de Sirte) que aderiram ao governo de unidade liderado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj.
Elas são apoiadas pelos guardas das instalações petrolíferas no "Crescente petrolífero", uma região cobiçada pelo EI que, em várias ocasiões, tentou assumir o controle desses recursos energéticos.
Estes guardas lançaram uma ofensiva na direção de Sirte a partir do leste, e conseguiram recuperar a cidade de Ben Jawad, a 160 km de Sirte, e Nofliya 130 km.
O enviado da ONU para a Líbia, Martin Kobler, pediu recentemente união a todas as forças armadas do país para derrotar o EI apesar das profundas divisões políticas que persistem.
Ele também sugeriu no domingo que forças especiais americanas e francesas estão implantadas no país, uma presença que não foi confirmada oficialmente.
Neste contexto, o GNA pediu um relaxamento do embargo de armas, mas a ONU quer garantias de que elas não vão cair em mãos erradas.