O módulo europeu Schiaparelli continuava nesta segunda-feira (17) sua longa descida até Marte, onde deve pousar na quarta-feira (19) e demonstrar, assim, a capacidade de aterrissar um módulo espacial em um planeta, um exercício muito difícil.
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Por sua vez, a sonda russo-europeia TGO (Trace Gas Orbiter), da qual o módulo "Schiaparelli" se separou, seguia funcionando sem problemas, o que aumenta as esperanças de um êxito da missão ExoMars.
A TGO mudou de trajetória na noite de domingo para se afastar de Marte depois de ter lançado o módulo, anunciou nesta segunda-feira a Agência Espacial Europeia.
Esta importante manobra "transcorreu como estava previsto", disse em um tuíte Micha Schmidt, diretor-adjunto de voo da ExoMars no Centro Europeu de Operações Especiais (ESOC), em Darmstadt (Alemanha).
"A sonda TGO está bem e a caminho do próximo grande acontecimento: sua inserção na órbita de Marte", acrescentou.
A TGO deveria imperativamente concretizar esta manobra porque, caso contrário, teria colidido contra Marte.
Esta sonda está encarregada de "farejar", a partir do início de 2018, a atmosfera marciana para detectar rastros de gases como o metano, o que poderia indicar uma forma de vida atual no Planeta Vermelho.
Após um périplo de sete meses para chegar a Marte, Schiaparelli se separou, como estava previsto, da sonda russo-europeia às 14h40 GMT (12h40 de Brasília) de domingo.
"Agora está em vigília, para limitar o consumo elétrico", disse à AFP Richard Bessudo, do grupo aeroespacial franco-italiano Thales Alenia Space, que preparou o projeto ExoMars.
"Sciaparelli despertará quinze minutos antes de entrar na atmosfera marciana", acrescentou Bessudo.
Pousar em Marte é um desafio tecnológico
Pousar em Marte é um desafio tecnológico para a Europa, que quer provar que domina este exercício.
Até agora apenas os americanos conseguiram pousar em Marte módulos que puderam funcionar.
Trata-se da segunda vez que a Europa tenta pousar um módulo em Marte.
Há treze anos, a sonda europeia Mars Express havia lançado um minimódulo de pouso Beagle 2, de concepção britânica, que nunca deu sinais de vida.
No entanto, sabe-se desde 2015 que Beagle 2 pousou efetivamente em Marte.
O grande salto de Sciaparelli é a primeira etapa da ExoMars, uma ambiciosa missão científica europeia-russa em duas etapas (2016 e 2020) que tenta buscar indícios de vida atual ou remota em Marte.
Em 2020, Europa e Rússia enviarão um robô que irá incorporar os desenvolvimentos tecnológicos de Schiaparelli.
Este aparelho realizará perfurações para seguir as buscas por sinais de vida, desta vez se concentrando na possibilidade de que o Planeta Vermelho pudesse abrigar bactérias.
TGO e Schiaparelli, batizado em homenagem ao astrônomo italiano do século XIX, percorreram quase 500 milhões de quilômetros desde seu lançamento no foguete Proton a partir da plataforma de Baikonur, no Cazaquistão.
O módulo é uma cápsula de 2m40 de diâmetro que se parece com uma "piscina inflável para bebês", segundo Michel Denis, diretor de voo da ExoMars.
A descida de um milhão de quilômetros de Schiaparelli durará três dias, mas apenas seis minutos entre o momento em que entrará na atmosfera marciana e seu impacto no solo.