A trégua "humanitária" decretada por Moscou para permitir aos civis e rebeldes que abandonem a cidade síria de Aleppo entrou em vigor nesta quinta-feira (20), depois de várias semanas de uma violenta ofensiva contra os bairros da zona leste da localidade.
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A trégua, iniciada às 8H00 locais (3H00 de Brasília), acontece após dois dias de interrupção, pelo regime do presidente Bashar al-Assad e seu aliado russo, dos bombardeios contra os bairros rebeldes de Aleppo, onde vivem 250.000 pessoas.
Pouco depois do início da trégua, porém, um dos corredores "humanitários" definidos por Moscou em Aleppo foi cenário de combates e disparos de artilharia, segundo um correspondente da AFP na área controlada pelos rebeldes.
Um fotógrafo da AFP presente na área controlada pelo regime confirmou ter ouvido tiros perto do corredor situado no centro de Aleppo. A agência oficial Sana acusou os "grupos terroristas" pelos disparos.
Moscou anunciou na quarta-feira (19) que a trégua deve durar 11 horas, ao invés das oito informadas inicialmente. O exército sírio, no entanto, afirmou que a trégua deve durar três dias e o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que está disposto a prolongar "o quanto for possível" a suspensão dos bombardeios.
O Estado-Maior russo indicou na quarta-feira que oito corredores humanitários seriam abertos, seis deles para a retirada de civis, doentes e feridos, e dois para a saída dos rebeldes armados. Os civis também poderão utilizar estes dois últimos.
Críticas a Moscou
A trégua foi anunciada após semanas de críticas a Moscou na comunidade internacional. Os países ocidentais classificaram de "crimes de guerra" os bombardeios sobre Aleppo iniciados em 22 de setembro, que mataram centenas de civis.
O regime sírio e sua aliada Rússia afirmam, no entanto, que atacam os bairros da zona leste de Aleppo para eliminar os "terroristas", principalmente os extremista da Frente Fateh al Sham (ex-Frente al Nosra, braço sírio da Al-Qaeda).
Aleppo, que já foi a capital econômica da Síria, se transformou em um dos símbolos da guerra no país. A metrópole está dividida desde 2012 entre a zona oeste pró-governo e a zona leste controlada pelos rebeldes.