A Europa corre o risco de morrer se não reencontrar seus ideais fundadores, como a solidariedade, declarou nesta sexta-feira (24) o papa Francisco diante dos 27 líderes da UE reunidos no Vaticano.
"Todo corpo que perde o senso de seu caminho, todo corpo que abandona esse olhar para frente, sofre primeiro uma regressão e finalmente corre o risco de morrer", alertou, na véspera do aniversário de 60 anos do Tratado de Roma que fundou a UE.
A audiência, que foi celebrada na imponente Sala Régia do palácio apostólico, contou com a presença do presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel.
O primeiro Papa não europeu, que recebeu em maio de 2016 o prêmio Carlos Magno por seu compromisso pela unificação europeia, tem sido muito crítico com a velha Europa, continente que chegou a qualificar de "cansado" e que acusou de negar suas próprias raízes.
Em várias ocasiões, o Papa manifestou seu desejo de que a Europa seja uma "terra de acolhida", que seja contra a xenofobia, e considerou os imigrantes como sendo "novos europeus", um dos assuntos prioritários do seu pontificado.
"A Europa volta a encontrar esperança na solidariedade, que também é o antídoto mais eficaz contra os modernos populismos", destacou o pontífice.
"Os populismos florescem devido ao egoísmo", acrescentou, depois de mencionar as políticas contra a imigração, tema que gera tensões e divisões dentro da UE.
Como há três anos, quando visitou a sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, Francisco pediu que a Europa "encontre novos caminhos, aposte no futuro e desenvolva um novo humanismo".
"A Europa tem um patrimônio moral e espiritual único no mundo, que merece ser proposto uma vez mais com paixão e renovada vitalidade, e que é o melhor antídoto contra a falta de valores de nosso tempo, terreno fértil para toda forma de extremismo", acrescentou.