O papa Francisco celebrou neste sábado (29) uma missa no Cairo diante de milhares de fiéis, no segundo dia de uma visita dedicada a apoiar a minoria cristã e promover o diálogo com os muçulmanos. O Papa, de pé na parte traseira de um veículo, chegou ao estádio cumprimentando os fiéis pouco antes das 10H00 (05H00 de Brasília).
Em meio a um enorme dispositivo de segurança em toda a capital, Francisco entrou cercado por guarda-costas. Sorridente, saiu do veículo para cumprimentar um pequeno grupo de crianças. Nas arquibancadas, a multidão agitava bandeiras com as cores amarela e branca do Vaticano.
O pontífice argentino de 80 anos subiu posteriormente em um grande palco e iniciou sua homilia, pronunciada em italiano e traduzida ao árabe por um intérprete. Os fiéis haviam chegado mais cedo em ônibus que precisaram atravessar vários postos de controle das forças de segurança para alcançar o estádio, com capacidade para 30.000 pessoas e sobrevoado por um helicóptero.
Freiras, famílias, homens de terno, jovens de jeans, padres ortodoxos e católicos ou idosos avançavam lentamente pelas diferentes entradas do estádio.
"Estamos tão felizes que não nos importamos de esperar. (...) Estamos orgulhosos com o fato de (o papa) estar no Egito", disse à AFP Kanzi Bebawi, de 33 anos, com um longo vestido branco, presente na fila ao lado de seu marido. "É muito importante que esteja aqui. Não temos medo de ir à igreja no Egito", disse Nabil Shukri.
A concentração religiosa reúne todos os ritos católicos do país, especialmente as igrejas copta, armênia, maronita e melquita. Líderes religiosos muçulmanos também participavam da missa. Depois da missa e de um encontro com os bispos egípcios, Francisco se reunirá com os futuros sacerdotes de um seminário copta-católico no Cairo.
O pontífice argentino planeja deixar o Egito durante a tarde, após sua curta visita de 27 horas, marcada pelos visíveis reforços da segurança. O país de maioria muçulmana conta com uma comunidade católica de 272.000 fiéis, ou seja, 0,3% da população egípcia. Os católicos estão presentes no Egito desde o século V.
Nos séculos XVIII e XIX, várias ordens católicas, entre elas os franciscanos, os dominicanos e os jesuítas, se instalaram no país, onde desenvolveram uma rede de escolas, hospitais e instituições de caridade. A viagem do Papa, que ocorre três semanas após o grupo extremista Estado Islâmico (EI) lançar dois ataques contra igrejas coptas ortodoxas que deixaram 45 mortos, adquire um caráter simbólico para os cristãos no país.
O líder espiritual de cerca de 1,3 bilhão de católicos no mundo defendeu a tolerância e o diálogo entre muçulmanos e cristãos ao chegar na sexta-feira (28) ao Cairo. O sumo pontífice abordou vários assuntos de importância no Oriente Médio, como a proliferação de armas ou os "populismos demagógicos" que "não ajudam a consolidar a paz e a estabilidade".