O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez nesta terça-feira (23) em Jerusalém um chamado a israelenses e palestinos a tomar "decisões difíceis" para alcançar a paz, mas sem afirmar publicamente como pensa em alcançar o que chamou de acordo "definitivo" para resolver o conflito histórico.
Trump viajou depois para Roma com o objetivo de fazer uma visita "relâmpago" de 19 horas durante a qual será recebido pela primeira vez no Vaticano pelo papa Francisco, um encontro delicado pelos atritos que ambos protagonizaram.
Depois de suas reuniões, na segunda-feira com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, e nesta terça-feira com o presidente palestino, Mahmud Abbas, em Belém (na Cisjordânia Ocupada), o próprio Trump afirmou que "está pessoalmente decidido a ajudar a alcançar um acordo", e destacou que ambos os lados querem a paz.
"Entretanto, alcançar a paz não será fácil, todos sabemos", lançou durante o segundo e último dia de sua visita. "As duas partes deverão tomar decisões difíceis", disse na presença de Netanyahu.
O chamado a tomar decisões difíceis, que recorda os esforços fracassados de seus antecessores, foi o único momento em que Trump fez referência direta às duas partes.
Durante sua estadia de menos de 30 horas, Trump evitou mencionar uma solução "de dois Estados", o que envolve a criação de um Estado palestino independente.
Esta solução continua sendo a referência para grande parte da comunidade internacional. Mas Trump alertou os palestinos em fevereiro para que se afastassem desta ideia.
O presidente americano não tratou publicamente sobre questões concretas como a colonização, as fronteiras e o status de Jerusalém. Tampouco mencionou sua promessa de transferir a embaixada de seu país de Tel Aviv para Jerusalém, assunto muito sensível para palestinos e árabes em geral.
Durante o encontro em Belém, Abbas expressou novamente o sonho palestino de um Estado independente, "com as fronteiras de 1967, um Estado palestino com Jerusalém leste como capital, vivendo junto ao Estado de Israel em segurança e em paz".
A curta passagem de Trump por Belém ficou obscurecida pelo atentado que matou 22 pessoas na saída do show de Ariana Grande, na noite de segunda-feira em Manchester. Trump começou sua declaração com Abbas condenando um ato de "perdedores maléficos".
O atentado, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) atingiu "pessoas jovens, bonitas e inocentes, que viviam e desfrutavam de sua vida", acrescentando que os "terroristas e os extremistas, assim como os que os apoiam, devem ser eliminados para sempre de nossas sociedades".
Trump mencionou somente o conflito israelense-palestino em termos gerais, declarando querer fazer "todo o possível para ajudar israelenses e palestinos a alcançar a paz que lhes foge há quase 70 anos".
Trump, que dava seus primeiros passos sobre o terreno de um dos conflitos mais antigos do mundo, contemplou uma das realidades mais chocantes ao percorrer a estrada de Jerusalém a Belém.
Seu comboio cruzou o muro erguido por Israel para se proteger dos ataques palestinos e pelo não menos impressionante "checkpoint" que controla a passagem de Belém a Jerusalém.
Uma grande parte da cidade de Belém vive à sombra do muro, uma "barreira de segurança" para os israelenses e um "muro do apartheid" para os palestinos.
O horizonte entre israelenses e palestinos nunca pareceu tão obscuro e distante. As últimas negociações, com a mediação dos Estados Unidos, estagnaram em 2014.
O ano de 2017 marca o 50º aniversário da ocupação e colonização dos israelenses nos territórios palestinos.
Durante os dois dias de visita, Trump expôs uma visão da solução do conflito, diretamente relacionada com a resolução dos problemas da região.
A convergência de interesses entre os países árabes e Israel ante a ameaça do extremismo e do Irã representa, em seu julgamento, uma "rara oportunidade", que poderia acabar com o conflito israelense-palestino, disse.
Trump também multiplicou as declarações e os atos de amizade com Israel e com o povo judeu. Depois de ser o primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar o Muro das Lamentações, depositou flores no memorial da Shoah.
O chefe de Estado americano prometeu defender Israel. "Os dirigentes iranianos pedem frequentemente a destruição de Israel. Não com Donald J. Trump", declarou.