Sobreviventes de incêndio em Londres relatam momentos de desespero

Incêndio atingiu prédio de apartamentos de 27 andares no bairro de Kensignton, em Londres, na madrugada desta quarta-feira (14)
AFP
Publicado em 14/06/2017 às 6:59
Foto: Natalie OXFORD / AFP


"A última vez que os vi, eles agitavam os braços na janela". Hanan Wahabi, sobrevivente do terrível incêndio que destruiu um prédio de apartamentos de 27 andares e deixou ao menos seis mortos nesta quarta-feira (14) em Londres, continua sem notícias do irmão, da cunhada e dos sobrinhos. A mulher de 39 anos, moradora do nono andar, foi acordada 1H00 pela fumaça.

"Vi cinzas entrando pela janela da sala, que ficara aberta. Olhei e vi as chamas perto da janela. Fechei rapidamente e saí", conta à AFP. Ela deixou o apartamento com o marido, o filho de 16 anos e a filha de oito. De pijama, com seu véu e enrolada em um cobertor, Hanan conseguiu salvar a família e encontrou refúgio em uma sala disponibilizada pelas autoridades para abrigar os sobreviventes.

Mas ela não consegue parar de pensar no irmão, Abdelaziz El-Wahabi, a esposa dele, Faouzia, e seus filhos, que moram há quase 16 anos no 21º andar da torre construída em 1974. "Liguei para meu irmão quando saí para saber se estava bem. O fogo ainda não havia alcançado o topo do prédio. Ele disse que iriam descer. Depois ligamos novamente e disse que havia muita fumaça", explica Hanan. "A última vez que o vi, agitava os braços na janela com a mulher e os filhos. Depois voltei a falar com sua mulher por telefone, enquanto ele falava com os bombeiros. Isto foi às 2h00. Desde então estou sem notícias, o telefone foi cortado", conta, desolada.

Eddie ficou feliz de ter escapado, mas ao mesmo tempo estava indignado. Há algum tempo escreveu em um blog que "seria necessário um incêndio catastrófico para que estas pessoas sejam consideradas responsáveis", em referência aos que alugam apartamentos. Uma sobrecarga da rede de energia elétrica "quase nos matou em 2013", indicava em seu blog, no qual mencionou um "assassinato em massa" em gestação.

Outro morador da torre, Abdul Hamid, de 50 anos, contou à AFP que deveria viajar nesta quarta-feira (14) a Arábia Saudita para a peregrinação à cidade sagrada de Meca. "Estou bem, mas não me restou nada, nem passaporte, nem casa".

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