Colocar as creches e a educação pré-escolar sob uma mesma autoridade e dispor de programas coordenados a partir de um ano de idade melhoram a qualidade do ensino e podem ajudar a reduzir as desigualdades, segundo um relatório da OCDE publicado nesta quarta-feira (21).
Os serviços de educação para crianças pequenas (creche e pré-escola) podem melhorar as capacidades cognitivas, as competências socioemocionais e o aprendizado das crianças, especialmente aqueles provenientes de meios desfavorecidos, destaca a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) no documento.
Essas estruturas podem contribuir para uma maior equidade e mobilidade social.
Os adolescentes de 15 anos que frequentaram essas estruturas durante pelo menos dois anos obtêm em média melhores resultados que os demais, segundo o relatório Pisa 2015.
As intervenções precoces podem favorecer a adoção de comportamentos saudáveis. Por exemplo, quanto mais alta foi a taxa de inscrição em estruturas para crianças com menos de três anos em 2005, menor resultou a proporção de crianças obesas nove anos depois.
Em 2013, os gastos destinados ao cuidado e educação das crianças pequenas correspondia em média a 0,8% do PIB nos países da OCDE.
O acesso a estruturas de creche está crescendo em todos os países. Em média, cerca de um terço das crianças com menos de três anos estavam inscritas em alguma forma de creche formal em 2014.
Essa porcentagem varia entre menos de 10% na República Checa, Eslováquia e México e mais de 50% na França, Bélgica, Noruega, Luxemburgo, Holanda, Islândia e Dinamarca (a primeira da lista, com mais de 60%).
Em média, 70% das crianças de três anos estão inscritas na educação pré-escolar: mais de 95% na França, Bélgica, Islândia e Espanha, e menos de 20% na Austrália, Turquia, Suíça e Grécia.
Mais da metade dos países da OCDE dispõem de um sistema integrado em termos de autoridade de tutela (em geral o Ministério da Educação) e de programas educativos, entre eles a Austrália, Áustria, Chile, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Alemanha, Nova Zelândia, Suécia, Inglaterra, etc.
Outros, como Bélgica, França, México, Portugal e Estados Unidos, têm dois sistemas diferentes, com as creches sob a autoridade do Ministério de Assuntos Sociais e as pré-escolas dependentes do de Educação.
Na França, por exemplo, os administradores de creches, onde trabalham educadores de crianças pequenas, estabelecem objetivos pedagógicos, mas estes não estão inscritos em um marco nacional.
"Os sistemas integrados, que estão sob o controle de um só ministério ou que têm programas educativos que começam à idade de um ano até a entrada na escola primária, são sistemas de educação que em geral têm mais sucesso", comentou em coletiva de imprensa Eric Charbonnier, um dos autores do relatório.
Segundo a OCDE, este sistema "permite dispor de programas educativos coerentes de um ano a outro" e facilita a transição com a escola.
"Uma grande quantidade" de países em que existe uma separação entre creche e pré-escola "estão repensando seus sistemas educativos", destacou Charbonnier, citando o exemplo da Itália.
Nas pré-escolas dos países da OCDE há em média 14 alunos por docente. Chile, México, China e França têm as classes mais cheias, com mais de 20 crianças por professor.