Cuba começa a avaliar danos causados por Irma

A maior parte do país, incluindo Havana, permanece sem serviço elétrico
AFP
Publicado em 11/09/2017 às 17:51
A maior parte do país, incluindo Havana, permanece sem serviço elétrico Foto: Foto: AFP


Cuba, fortemente atingida durante 72 horas pelo vento, pelas chuvas e inundações do furacão Irma, começou nesta segunda-feira (11) o árduo trabalho de quantificar danos e reabilitar sua infraestrutura de serviços.

Com pelo menos 10 mortos, este furacão foi o mais fatal entre os que atingiram a ilha desde a passagem de Dennis em 2005.

"Isso é catastrófico, muitos edifícios aqui não estão preparados para tal dilúvio", disse Yanmara Suárez, trabalhadora autônoma de 36 anos que vive em Centro Habana, uma área próxima ao malecón, a avenida beira-mar fortemente inundada pelo mar no domingo.

Na manhã desta segunda-feira (11), funcionários da companhia elétrica e comunais trabalhavam nas ruas retirando postes e fios elétricos derrubados, além das muitas árvores e galhos que impedem a circulação de automóveis. A maior parte do país, incluindo Havana, permanece sem serviço elétrico.

Em Havana, também houve falta d'água, foram registradas interrupções da rede de telefonia e as escolas suspenderam as aulas.

Dois dias trágicos
 

Em Caibarién, uma cidade costeira do centro do país bastante atingida por Irma, os longos e pacientes trabalhos de recuperação dos danos começaram, mas a volta à normalidade demorará.

"Se durasse um dia a mais, não restaria nada aqui", disse  Angel Cordero, um agricultor de 69 anos que teve a casa inundada e seus cultivos de frutas perdidos.

Em uma mensagem à nação, o presidente Raúl Castro reconheceu nesta segunda-feira que os dias "foram duros" para o povo cubano. 

Irma "causou severos danos ao país, os quais, justamente por sua envergadura, ainda não se pôde quantificar. Uma observação preliminar evidencia danos a moradias, ao sistema eletroenergético e à agricultura", apontou Castro em sua comunicação divulgada pela imprensa local.

Informação preliminares da Defesa Civil apontam "graves danos" no setor agrícola da maioria das 15 províncias do país.

Cojímar devastado
 

A poucos quilômetros do centro da capital, Cojímar, um antigo povoado de pescadores muito frequentado pelo escritor americano Ernest Hemingway nos anos 50 do século passado, também foi bastante afetado por Irma.

Destruição em sua orla marítima, casas sem teto, ruas cheias de escombros, e eletrodomésticos arrastados pelas águas e golpeados pelo vento: é a imagem da desolação.

"Esse é um alerta importante, sabemos que a mudança climática é cada vez mais cruel", assegurou Francisco García, treinador da equipe nacional de karatê, cuja casa foi parcialmente derrubada.

"Três ciclones e um terremoto ao mesmo tempo na região eu nunca tinha visto, muito menos com tanta intensidade", acrescentou em referência aos furações José e Katia, e ao terremoto que atingiu México na quinta-feira deixando quase uma centena de mortos.

Turismo em risco
 

No litoral norte de Cuba, com numerosos balneários e 'keys' (ilhas) paradisíacas, a destruição nas principais praças turísticas cubanas foi consideráveis, mas até o momento não foram registradas vítimas, especialmente depois da evacuação antecipada de milhares de turistas e funcionários.

Os argentinos Alfredo e María Teresa Coronel, levados dos 'keys' para hotéis mais seguros no famoso balneário de Varadero, estavam assustados.

"Foi nossa primeira experiencia de um furacão, que não existe em nosso país. No geral, fomos bem, mas tivemos um pouco de medo", admitiu Alfredo.

Cético, Enrique Peña, um cozinheiro de 33 anos que trabalha em um hotel de Key Santa María, disse: "francamente não sei em quanto tempo poderei voltar a trabalhar, este furacão seguramente destruiu todo o cayo".

O impacto de Irma no turismo ainda não foi avaliado, mas a destruição que a sua passagem deixou poderá enfraquecer gravemente a economia, que depende em grande medida dos quase 3 bilhões de dólares anuais que o setor aporta.

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