A oposição venezuelana está dividida após as primárias que apontaram seus candidatos às eleições de governadores do próximo dia 15 de outubro, apesar das tentativas de minimizar as divergências.
Dois dos principais partidos da coalizão opositora - Primeiro Justiça e Ação Democrática - protagonizaram nesta terça-feira uma ácida disputa, com os dois lados proclamando a vitória na candidatura para o estado de Aragua (norte).
O parlamentar Tomás Guanipa, dirigente do Primeiro Justiça, denunciou que pistoleiros pressionaram eleitores para favorecer a candidatura de Ismael García, da Ação Democrática, durante a votação de domingo passado.
García, um ex-chavista que tem passado por vários partidos da oposição, concorria com José Ramón Arias, do Primeiro Justiça, liderado pelo ex-candidato presidencial Henrique Capriles.
"Se somos diferentes dos governistas, não podemos aceitar pistoleiros influenciando a vontade do eleitor", declarou Guanipa em entrevista coletiva.
O legislador desafiou García a repetir as primárias em Aragua, atualmente sob o controle do chavismo.
Acompanhado do influente deputado Henry Ramos Allup, líder da Ação Democrática, García exortou o Primeiro Justiça a aceitar a derrota em eleições "limpas".
"Serei o próximo governador de Aragua", afirmou García em entrevista coletiva.
No estado de Zulia, partidários do Primeiro Justiça enfrentaram militantes do partido Um Novo Tempo no final da votação.
Nas primárias da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) - integrada por cerca de 30 partidos - foram eleitos 19 candidatos, após haver consenso em outros quatro estados.
A Ação Democrática, um dos partidos que dominou a política venezuelana até a chegada de Hugo Chávez ao poder, em 1999, é a grande vencedora das primárias, com doze candidatos, sendo dez vencedores de primárias e dois por consendo.
O Primeiro Justiça ficou na segunda posição, com seis candidatos, sendo cinco eleitos e um por consenso.
O partido Vontade Popular, fundado pelo opositor detido Leopoldo López, fez dois candidatos, um por votação e outro por consenso.
Ramos Allup tentou explicar as disputas assinalando que "são 23 candidatos da Venezuela Unida, e o povo os tornará governadores".
A oposição, tradicionalmente dividida em sua estratégia para enfrentar o chavismo, considera as eleições regionais um passo para obter a mudança do atual governo nacional.
Os governistas controlam atualmente 20 dos 23 estados venezuelanos.