A Coreia do Norte respondeu nesta sexta-feira (15) às últimas sanções aprovadas pela ONU com o lançamento de um míssil balístico que sobrevoou o Japão e que aumenta ainda mais a tensão na península coreana.
O míssil foi disparado de um local próximo a Pyongyang, poucos dias depois da aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU da oitava série de sanções para tentar convencer o regime norte-coreano a renunciar aos programas balístico e nuclear ilegais.
A nova resolução das Nações Unidas foi uma punição ao sexto teste nuclear norte-coreano, o mais potente até o momento e que, segundo Pyongyang, aconteceu em 3 de setembro com uma bomba de hidrogênio.
O Conselho de Segurança anunciou uma reunião em caráter de urgência na tarde de sexta-feira.
O secretário-geral da Otan, Jean Stoltenberg, pediu "uma resposta mundial" após a "violação temerária" das resoluções da ONU.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não se expressou sobre o lançamento mais recente, mas sua administração deseja que Rússia e China, a principal aliada e apoio econômico do regime de Kim Jong-Un, pressionem a Coreia do Norte.
A China condenou o mais recente lançamento de míssil da Coreia do Norte e pediu "moderação" às partes envolvidas, em uma declaração da porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.
A Rússia condenou com "veemência" o lançamento do míssil, nas palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, chamou o disparo de "provocação escandalosa".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o lançamento e anunciou que na semana que vem a crise no país será discutida à margem da Assembleia Geral do organismo.
De acordo com o Comando do Pacífico (PACOM) americano, o artefato lançado pela Coreia do Norte era um míssil de médio alcance que não ameaçou o ameaçou os Estados Unidos nem seu território de Guam, no Pacífico, onde o país possui instalações militares estratégicas.
O ministério sul-coreano da Defesa informou que o míssil percorreu 3.700 quilômetros para o leste, atingindo uma altitude máxima de 770 km antes de cair no Oceano Pacífico.
Este é o "voo mais longo de seus mísseis balísticos", comentou no Twitter Joseph Demsey, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) com sede no Reino Unido.
"Isto demonstra claramente que a Coreia do Norte dispõe de alcance suficiente - embora talvez não tenha a precisão - para aplicar o projeto Guam", completou.
O regime norte-coreano ameaçou em agosto disparar quatro mísseis nas proximidades de Guam, em plena escalada de tensão com o governo americano, depois que Pyongyang lançou dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) em julho.
Para o ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodera, a Coreia do Norte tinha "Guam em mente" com o lançamento desta sexta-feira, cujo alcance era suficiente para atingir a ilha americana, situada a 3.400 km do país.
De acordo com o governo japonês, o míssil sobrevoou a ilha nipônica de Hokkaido (norte) às 7H06 locais (19H06 de Brasília, quinta-feira) e caiu no mar a quase 2.000 quilômetros de sua costa.
Tóquio ativou o sistema de emergência J-Alert em vários pontos da região norte do país.
"Está passando um míssil, está passando um míssil, provavelmente sobre Hokkaido em direção ao Pacífico. Não recolham nenhum objeto que possam encontrar", afirmava o alerta.
"O Japão nunca tolerará os perigosos atos de provocação da Coreia do Norte que ameaçam a paz no mundo", reagiu o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
"Se a Coreia do Norte continuar por este caminho, seu futuro não será radiante", completou.
Seul respondeu com testes militares que incluíram o lançamento de mísseis Hyunmu no mar do Japão, segundo o ministério da Defesa. Um dos artefatos percorreu 250 quilômetros, uma distância suficiente para atingir, em tese, o local de onde partiu o míssil norte-coreano em Sunan, perto do aeroporto de Pyongyang.
O presidente sul-coreano Moon Jae-In declarou ao Conselho de Segurança Nacional que o diálogo com o Norte é "impossível em tal situação".