Os Estados Unidos vão adotar sanções contra empresas estrangeiras que negociarem com a Coreia do Norte, um primeiro passo para eventuais medidas punitivas contra companhias chinesas e de outros países.
O presidente Donald Trump, que na semana passada ameaçou "destruir totalmente" a Coreia do Norte em caso de ataque, assinou um decreto que permite sancionar "indivíduos e empresas que financiem ou facilitem o comércio com a Coreia do Norte", o que pode resultar em um ajuste dramático do cerco econômico em torno de Pyongyang.
Também informou que o Banco Central da China ordenou a suas filiais que limitem o comércio com a Coreia do Norte, uma decisão descrita como "audaz" e "inesperada".
A medida não foi confirmada imediatamente por Pequim, mas pode representar um corte vital das divisas estrangeiras ao regime de Pyongyang.
Além disso, os 28 estados-membros da União Europeia (UE) também deram sua aprovação à adoção de sanções extras contra Pyongyang em resposta a seus testes nucleares, segundo várias fontes diplomáticas.
Estas sanções serão acrescidas às adotadas pela ONU na semana passada e supõem uma proibição total para as empresas europeias de exportação petroleira ou investimentos na Coreia do Norte.
O presidente americano se reuniu com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e com o líder sul-coreano, Moon Jae-In, para avaliar as opções de que dispõem.
Antes do encontro com o chefe da Casa Branca, Moon pediu em seu discurso na ONU uma redução das tensões e alertou para o risco de uma guerra acidental.
"Não desejamos o colapso da Coreia do Norte", afirmou Moon. "A questão nuclear norte-coreana deve ser administrada de forma estável para que as tensões não se intensifiquem ou que confrontos militares acidentais destruam a paz", ressaltou.
Nunca antes a ameaça norte-corana pesou tanto no encontro anual de líderes mundiais, divididos sobre a melhor maneira de enfrentar o isolado regime de Kim Jong-un, apesar de, em agosto e setembro, terem conseguido adotar por unanimidade novas sanções contra a Coreia do Norte.
O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, e seu colega russo, Sergei Lavrov, que também falarão na Assembleia, fizeram um apelo ao diálogo e alertaram que uma opção militar seria catastrófica.
Em seu discurso na quarta-feira (20), Abe apoiou a posição dos Estados Unidos de que "todas as opções estão sobre a mesa" para dissuadir Kim.
No Conselho de Segurança, que se reunirá nesta quinta-feira para debater a questão nuclear, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, defenderá a implementação completa das sanções internacionais adotadas contra Pyongyang.
Uma oitava bateria de sanções foi aprovada em 12 de setembro, proibindo as exportações de têxteis e reduzindo o fornecimento de petróleo para a Coreia do Norte.
Washington e seus aliados esperam que essas sanções obriguem Pyongyang a negociar o fim de seus programa militares, mas seu impacto dependerá da China, aliado da Coreia do Norte e principal sócio econômico desse país.
Já Moscou e Pequim propuseram uma dupla moratória: sobre os testes norte-coreanos e sobre os exercícios militares de Estados Unidos e Coreia do Sul.
Ao inaugurar a Assembleia Geral, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou que "a retórica agressiva pode conduzir a mal-entendidos fatais e iniciar uma guerra nuclear".
No sábado (23), Guterres deve se reunir com o chanceler norte-coreano, Ri Yong-Ho, à margem da Assembleia, em busca da adesão ao diálogo.
O ministro Ri, que falará ao plenário nesta sexta, chamou as ameaças de Trump de "latido de cachorro" e disse que não terão qualquer impacto.