O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira (21) que quer que os padres que tenham sido condenados por pedofilia não possam apelar de sua sentença sob o direito canônico. Além disso, afirmou não estar disposto a conceder-lhes qualquer tipo de perdão.
O papa argentino fez essas declarações diante da comissão de especialistas que criou para lutar contra a pedofilia, em um discurso improvisado em italiano.
A Santa Sé publicou então um texto mais comedido, em espanhol, e indicou que este seria a versão que será oficialmente arquivada.
"O abuso de um menor, se houver provas, é suficiente para negar uma apelação. Se houver evidências, a sentença é definitiva", assegurou o papa em seu discurso improvisado.
Jorge Bergoglio fez esta advertência quando explicava os procedimentos canônicos do Vaticano contra os religiosos acusados ??de pedofilia, independentemente de uma possível investigação criminal no país onde ocorreram os crimes.
Oficialmente, a pena máxima no direito canônico para os sacerdotes acusados ??de pedofilia é a perda de seu status religioso.
"E se houver um pedido de perdão dirigido ao papa, no caso desses crimes, eu não assinarei nada", garantiu.
"Em um único caso, ouvi os argumentos de um bispo, o de Cremona (perto de Milão), que queria remover de todas as suas funções um padre culpado, mas não o seu status clerical. Diante das duas possibilidades escolhi a mais benevolente. Mas dois anos depois voltou a fazê-lo. Foi a única vez que errei e aprendi a lição", disse o pontífice argentino.
O papa reconheceu que a Igreja Católica tardou em reagir ao escândalo da pedofilia. Duas vítimas que faziam parte do comitê criado pelo pontífice fizeram críticas severas a esse respeito.
"É uma realidade, o antigo método de mudar de uma diocese para outra (os sacerdotes pedófilos) fez adormecer as consciências", disse o pontífice.
No discurso oficial em espanhol, o papa explicou que "o abuso sexual é um pecado horrível, completamente oposto e em contradição com o que Cristo e a Igreja nos ensinam".