Os europeus esperam receber propostas concretas por parte de Londres, nesta segunda-feira (25), no início de uma nova rodada de negociações do Brexit, depois dos esforços da primeira-ministra britânica, Theresa May, de estabelecer um caminho para um acordo.
O tempo urge. Em junho, os dois lados iniciaram as negociações e se comprometeram a abordar três prioridades, em uma primeira fase: garantir os direitos dos cidadãos diretamente afetados pela saída do Reino Unido da União Europeia, o total a ser pago por Londres por sua saída e a questão irlandesa.
O objetivo é finalizar essa primeira fase em outubro, depois que os 27 constataram "progressos notáveis" nas prioridades, mas, no momento em que as negociações entram em sua quarta rodada, esse calendário parece impraticável.
Nesse contexto, o chefe negociador da UE, Michel Barnier, a quem corresponde propor aos 27 passar para a fase seguinte depois de avaliar os avanços das negociações, celebrou o discurso de May na última sexta-feira (22), em Florença, Itália, como "uma vontade de avançar à medida que o tempo passa".
May defendeu um período de transição após a saída do Reino Unido da União Europeia, durante um discurso solene em Florença, na Itália, na sexta passada.
Ponto-chave de seu pronunciamento, May propôs um período de transição de "cerca de dois anos" após o Brexit, durante o qual as relações entre o seu país e a UE permaneceriam intactas, a fim de assegurar uma saída "tranquila e ordenada".
O sucesso das negociações sobre o Brexit "é do interesse de todos", ressaltou a premiê.
Este período de ajuste permitiria ao Reino Unido continuar a fazer negócios livremente com o bloco europeu, um ponto exigido por seu ministro das Finanças, Philip Hammond, e por empresários, preocupados com as consequências econômicas do Brexit.
Barnier, no entanto, descartou nesta segunda falar de um período de transi;cão sem um acordo prévio quanto às prioridades do divórcio.
"Para mim, discutir um eventual período de transição só pode ser feito se tivermos alcançado um acordo prévio sobre os princípios das questões de retirada ordenada", afirmou.
Antes, ele já havia pedido a May que traduzisse suas palavras em "posições de negociação para se alcançar verdadeiros avanços" e assegurou que UE deverá "verificar se essa garantia cobre todos os compromissos assumidos pelo Reino Unido em sua qualidade de Estado-membro".
A "conta a saldar" por parte do Reino Unido é a questão mais delicada nas negociações. Diante da falta de precisão da posição britânica, a UE reclama uma "metodologia de cálculo" do montante total para passar para a segunda fase das negociações.
Segundo várias fontes, os europeus avaliam o total do divórcio entre 60 e 100 bilhões de euros.
O jornal "The Times" indicou que Londres estaria disposto a pagar 45 bilhões de euros, uma metade correspondente à contribuição britânica no orçamento europeu vigente até 2020, e a outra metade, por outros compromissos.
O chefe negociador britânico do Brexit, o ministro David Davis, disse ao "Times" que essa cifra era inventada.
"Não vou dar uma cifra diante das câmeras. Seria ridículo fazer isso, mas temos uma ideia bastante clara sobre a meta que queremos alcançar", declarou à BBC.
O início da atual rodada de negociações, cujos detalhes não foram divulgados, coincide com uma reunião em Bruxelas dos ministros dos Assuntos Europeus do bloco, sem sua colega britânica, mas com Barnier, para abordar os avanços no processo do Brexit.
Realizada no final de agosto, a última rodada de negociações terminou com os dois grupos reclamando da falta de avanços e, sem isso, a UE não está disposta a passar para a segunda fase do processo de negociação.
Em paralelo a essas negociações, Theresa May e Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu que reúne os dirigentes do bloco, devem se reunir nesta terça-feira (26) em Londres.