May tenta reafirmar liderança em congresso de conservadores britânicos

A primeira-ministra britânica, Theresa May, tentou, hoje (1º), reafirmar sua liderança na abertura do congresso de seu partido conservador em Manchester
AFP
Publicado em 01/10/2017 às 16:17
A primeira-ministra britânica, Theresa May, tentou, hoje (1º), reafirmar sua liderança na abertura do congresso de seu partido conservador em Manchester. Foto: Foto: AFP


A primeira-ministra britânica, Theresa May, tentou, neste domingo (1º), reafirmar sua liderança na abertura do congresso de seu partido conservador em Manchester, após seu fracasso nas últimas eleições legislativas. Ela pretende minimizar as divisões acerca do Brexit e reconquistar os jovens. 

A derrota de 8 de junho passado lhe custou a maioria absoluta dos conservadores no Parlamento e reduziu a autoridade de May. 

A primeira-ministra também sofre as consequência dos escassos, ou nulos progressos nas negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. May está em meio ao fogo cruzado entre os "Brexiters", mais duros, e os que querem uma separação suave. Já Bruxelas pede propostas concretas. 

Para o professor Simon Usherwood, da Universidade de Surrey, "May é uma desvantagem" para seu partido, e só deve sua sobrevivência ao risco que sua saída representaria à manutenção dos conversadores no poder". De fato, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbun, tem ganhado fôlego nas pesquisas. 

Para suavizar o clima antes do congresso, May admitiu novamente seu revés eleitoral de junho e reconheceu não ter sabido encarnar o conservadorismo social que defendeu ao ocupar seu cargo, em julho de 2016. "O resultado não é o que esperávamos", admitiu à BBC. 

"Temos que escutar os leitores e as mensagens que nos enviam", afirmou, em alusão a sua proposta de suspender os gastos de inscrição na universidade.

Recuperar a iniciativa 

Com esse assunto, May pretende ocupar o terreno social, algo que costuma ser característico dos trabalhistas. Um sinal disso foram as declarações que tinha feito antes do congresso, em defesa de um Reino Unido "mais justo para os trabalhadores". 

Quanto ao Brexit, a primeira-ministra garantiu que seu governo está unido em apoio a ela, apesar das repetidas provocações do político que muitos veem como um de seus possíveis sucessores, Boris Johnson, o impulsivo ministro de Relações Exteriores. 

"Bojo", como é conhecido no Reino Unido, anunciou neste sábado, ao tabloide The Sun, suas "linhas vermelhas" sobre a saída da UE, e avaliou que o período de transição pós-Brexit proposto por May deveria se limitar a dois anos "e nenhum segundo a mais". 

"Saímos (da UE). Não votamos por isso no ano passado. Tem que seguir em frente", declarou Johnson, dando a impressão de criticar indiretamente as orientações da primeira-ministra. 

O titular da pasta de Relações Exteriores vai discursar no congresso conservador nesta terça-feira. Seu pronunciamento será acompanhando por David Davis, ministro do Brexit, que também se considera um possível sucessor de May. 

Nenhum dos dois "é discreto", destaca o professor Usherwood. "Vão querer falar, alto e claramente, e tentar fazer avançar suas ideias sobre o Brexit". 

Para May recuperar a autoridade que tinha antes das legislativas, "deve passar por essa conferência sem piorar sua situação, mostrando que tem, apesar de tudo, as rédeas do partido, do país e das negociações do Brexit", avalia o especialista. 

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