A Google anunciou, nesta segunda-feira (2), medidas para ajudar a gerar novas receitas para os veículos de comunicação prejudicados pela passagem do impresso ao digital, limitando os conteúdos gratuitos e encerrando a antiga política do "primeiro clique grátis".
As medidas foram anunciadas em meio às crescentes críticas de que as plataformas digitais estão recebendo a maior parte das receitas, à medida que mais leitores migram para elas para se informar.
"Eu realmente acredito que a Google e as publicações têm uma causa em comum", disse o vice-presidente da Google, Philipp Schindler.
"Nossos usuários realmente valorizam o jornalismo de qualidade".
A gigante digital anunciou uma série de novas medidas, sendo a mais significativa a substituição da política de uma década de exigir que os veículos ofereçam um artigo liberado nas pesquisas de notícias sem necessidade assinatura - padrão conhecido como "primeiro clique grátis".
Ela será substituída por um modelo de amostragem flexível, que permitirá aos editores exigir assinatura, se quiserem, a qualquer momento.
"Entendemos que não existe solução de 'tamanho único'", disse Richard Gingras, vice-presidente de notícias da Google.
Isso vai permitir que as empresas decidam se vão exibir o artigo gratuitamente ou se implementarão o "paywall" - sistema de cobrança para acessar o conteúdo - parcial ou integralmente.
Gingras anunciou que a nova política, válida a partir desta segunda (2), será aplicada no mundo todo. Ele disse que não estava claro quantos veículos vão começar a implementar um "paywall" imediatamente como resultado.
"A reação aos nossos esforços foi positiva", disse ele uma entrevista por telefone anunciando a nova política.
"Isso não é uma bandeja de prata para o mercado de assinaturas. O mercado de informação é muito competitivo. E as pessoas pagam por assinaturas quando têm uma percepção de valor".
A Google disse que recomenda um sistema de "medição" que ofereça 10 artigos gratuitos por mês como a melhor forma de estimular as assinaturas.
A empresa californiana indicou também que vai trabalhar com os editores para tornar as assinaturas mais fáceis, inclusive permitindo que leitores paguem com suas contas Google ou Android, para evitar processos lentos de inscrição.
"Acho que podemos chegar a um clique, isso seria incrível", estimou Gingras.
Ele explicou que as pessoas estão ficando mais acostumadas a pagar por notícias, mas que "um processo às vezes espinhoso de assinatura pode ser desencorajador. Isso não é bom para os usuários, nem para as publicações, que veem nas assinaturas uma fonte de renda cada vez mais importante".
A Google compartilharia com os veículos de imprensa dados para permitir que eles mantenham a relação com os consumidores, acrescentou.
"Não estamos querendo ter os clientes", explicou. "Vamos oferecer o nome do usuário, o e-mail e, se necessário, o endereço".
Gingras disse que a Google também está explorando formas de "usar aprendizagem automática para ajudar publicações a reconhecer assinantes em potencial", aplicando a tecnologia da gigante digital para ajudar os meios de comunicação.
Ele acrescentou que a Google não está implementando essas medidas para gerar receita para si mesma, mas que alguns detalhes financeiros ainda não foram acertados.
A Google não pretende ficar com parcela dos lucros pelas assinaturas, destacou. "Nossa intenção é ser tão generosos quanto for possível", disse.
A empresa de pesquisa eMarketer estima que Google e Facebook receberam 63% da receita de publicidade digital em 2017, dificultando a vida das empresas de notícias, que precisam competir no mundo online.
Acredita-se que o Facebook esteja trabalhando em um esforço similar para ajudar as empresas de notícias a aumentarem sua base de assinantes.
A Google criou a "Iniciativa de Notícias Digitais" na Europa em 2015, que financia projetos de jornalismo investigativo.