O partido de esquerda radical CUP, aliado chave do governo separatista catalão, pediu ao presidente Carles Puigdemont que retire a suspensão da declaração de independência da Catalunha ante a ameaça de Madri de acabar com parte da autonomia da região. "Apenas com a proclamação da república seremos capazes de respeitar o que a maioria expressou nas urnas", afirma o partido em uma carta ao presidente regional, em referência ao referendo de autodeterminação inconstitucional de 1 de outubro.
De acordo com os independentistas, na consulta, proibida pela justiça, 90% dos eleitores votaram 'sim' e, apesar da taxa de participação de 43% do eleitorado, Puigdemont se comprometeu a aplicar o resultado.
No entanto, em uma sessão parlamentar confusa na terça-feira, o presidente regional afirmou que assumia o mandato de criar uma república, mas pediu a suspensão dos efeitos da independência para buscar uma mediação internacional em sua disputa com Madri.
O primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy, porém, rejeita de modo veemente qualquer tipo de mediação e enviou na quarta-feira um requerimento ao dirigente catalão para que esclareça se declarou ou não a secessão.
O prazo para uma resposta vai até segunda-feira. Caso não apresente uma ou afirme que proclamou a República, deve retificar até o dia 19 de outubro ou o governo central aplicará o artigo 155 da Constituição, que permite retirar competência do governo regional e, inclusive, suspender o mesmo.
"Se pretendem seguir aplicando (...) o artigo 155 da Constituição e querem continuar nos ameaçando ou amordaçando, que o façam com uma República já proclamada", afirma na carta a CUP, partido fundamental para a manutenção do governo independentista, formado por uma coalizão de conservadores e progressistas.
Na quarta-feira, a influente associação independentista Assembleia Nacional Catalã, que organizou várias manifestações nacionalistas nos últimos anos, fez um pedido similar.
"Diante da negativa do Estado espanhol a qualquer proposta de diálogo, não faz nenhum sentido manter suspensa a declaração de independência", afirmou em um comunicado.
Esta região de 7,5 milhões de habitantes no nordeste da Espanha está dividida sobre a independência. A maioria defende a organização de um referendo de autodeterminação autorizado pelo governo de Madri, que se nega de forma taxativa.