Cuba é criticada na ONU por abusos de direitos e repressão

Os diplomatas criticaram a falta de liberdade de expressão e reunião de ativistas em Cuba
AFP
Publicado em 16/05/2018 às 17:30
Os diplomatas criticaram a falta de liberdade de expressão e reunião de ativistas em Cuba Foto: Foto: AFP


Cuba recebeu fortes críticas nesta quarta-feira (16) na sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas pela repressão de ativistas.

Vários diplomatas criticaram as restrições impostas à liberdade de expressão e de reunião em Cuba e se referiram a relatos de detenções arbitrárias de jornalistas e defensores dos direitos humanos e sua impossibilidade de viajar para o exterior.

No âmbito da Revisão Periódica Universal (RPU), que todos os 193 membros da ONU devem passar a cada quatro anos, representantes cubanos reagiram, dizendo se tratar de "manipulação" e "falsas acusações".

"A garantia para o exercício dos direitos humanos é uma obrigação prioritária do Estado", afirmou o ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez.

"Como em muitos outros países onde o Estado de Direito existe, em Cuba não se pode quebrar a legalidade, nem tentar subverter, a serviço de uma agenda externa de mudança de regime, a ordem constitucional e o sistema político que os cubanos escolheram livremente", acrescentou.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU expressou na semana passada sua profunda preocupação com os relatos de que em Cuba "muitos defensores dos direitos humanos e representantes da sociedade civil foram impedidos de viajar para o exterior".

A ONU também afirmou ter recebido informações diretas de pelo menos 14 casos e expressou preocupação com a "intimidação, pressão e assédio" de ativistas e membros da sociedade civil.

Ao se reunir com jornalistas à margem da sessão, Rosa Maria Payá, filha do falecido líder opositor Oswaldo Payá e líder da organização Cuba Decide, disse que milhares de ativistas não podem viajar.

"Nenhum deles pode viajar... É claro que nem todos tentaram, mas todos os que tentaram tiveram negada a saída", acrescentou.

O representante britânico Charles Kent, um dos 140 diplomatas que tomou a palavra durante a reunião, afirmou que seu país está "profundamente preocupado" porque ativistas cubanos "foram impedidos de viajar para Genebra".

A americana Michelle Roublet pediu a Cuba para "libertar as pessoas que foram arbitrariamente detidas e presas por se reunirem pacificamente, investigar e relatar atividades do governo ou expressar dissidência política".

Roublet também instou Cuba a "autorizá-los a viajar livremente dentro e fora do país sem limitações". 

Rodolfo Reyes, diretor geral do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, disse que "em Cuba, honestamente, não há presos políticos".

"Negamos qualquer tipo de represália contra um defensor dos direitos humanos em Cuba. Os defensores dos direitos humanos em Cuba estão protegidos", concluiu.

 

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