Vítimas dos abusos sexuais por parte de membros da Igreja católica comemoraram a renúncia em massa, nesta sexta-feira (18), dos bispos chilenos, ao final de uma inédita reunião com o papa Francisco no Vaticano.
"Não souberam proteger os mais fracos, expuseram-nos a abusos e, depois, impediram a justiça. Por isso, devem sair", tuitou José Andrés Murillo, um dos acusadores do padre Fernando Karadima, cujo caso abriu uma inédita revisão por parte do Vaticano sobre a atuação de todo o clero chileno frente aos abusos sexuais e a seu acobertamento.
Outro denunciante, Juan Carlos Cruz, afirmou que a decisão dos bispos chilenos - anunciada em uma entrevista coletiva nesta sexta no Vaticano - "muda as coisas para sempre".
Trinta e quatro bispos chilenos, 31 deles no cargo, reuniram-se com o papa esta semana em Roma. Ao final dos encontros, anunciaram a renúncia de todos os participantes, depois de o sumo pontífice antecipar sua disposição de adotar "mudanças e resoluções" na Igreja chilena.
A renúncia dos bispos chilenos foi "para que o papa fique livre. Essa é a ideia. Não queremos dizer ao papa: 'você tem seu barco e agora conduza sozinho'. Pelo contrário, ele conta conosco", disse nesta sexta o bispo da cidade chilena de Chillán, Carlos Pellegrín, de volta a seu país.
"Estamos à sua total disposição para limpar o que tiver de fazer, para assegurar protocolos que nos permitam ajudar as vítimas da melhor maneira", acrescentou Pellegrín, em entrevista a jornalistas que esperavam, no aeroporto de Santiago, pelo retorno dos religiosos chilenos.