Pequim criticou nesta quinta-feira (30) a lógica "irresponsável e absurda" dos Estados Unidos sobre a Coreia do Norte, um dia depois do presidente americano Donald Trump ter afirmado que a China "dificulta muito" a relação com Pyongyang.
Trump acusou na quarta-feira a China de complicar a relação de Washington com a Coreia do Norte, em um momento em que as negociações sobre a desnuclearização norte-coreana estão estagnadas e depois de suspender uma visita a Pyongyang de seu secretário de Estado, Mike Pompeo, prevista para esta semana.
"Ao alterar a verdade e na lógica irresponsável e absurda, os Estados Unidos são os campeões do mundo", afirmou a porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying, ao ser questionada sobre as palavras de Trump.
"Washington deveria se olhar no espelho antes de criticar os demais", completou.
"A China dificulta muito a nossa relação com a Coreia do Norte", disse Trump na quarta-feira na Casa Branca, embora tenha destacado que seus vínculos com o presidente chinês, Xi Jinping, são "grandiosos".
O presidente americano reconheceu que "parte do problema norte-coreano é causado pelas disputas comerciais (dos Estados Unidos) com a China".
Também ressaltou a sua "relação fantástica" com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, com quem se reuniu em Singapura em junho. Trump disse que não considera retomar os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, que Pyongyang considera "provocativos".
A China é o único aliado de peso de Pyongyang e a principal rota para os bens que entram na Coreia do Norte. Trump sugere que Pequim aliviou a sua pressão sobre o regime de Kim, em resposta às tarifas impostas por Washington aos seus bens.
"Sabemos que China dá à Coreia do Norte uma ajuda considerável, que inclui dinheiro, combustível, fertilizantes e outros produtos básicos. Isso não é útil!", tuitou o presidente.
Sobre o tema dos exercícios militares, que os Estados Unidos suspenderam como uma medida de "boa fé" depois da cúpula de Trump com Kim, o presidente disse que "não existe razão nesse momento para gastar grandes quantidades de dinheiro em jogos de guerra conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul", antes de acrescentar que as manobras poderiam ser retomadas em caso de necessidade.
As declarações do presidente americano aconteceram um dia depois que o secretário da Defesa, Jim Mattis, disse que o Pentágono não planejava suspender mais exercícios militares, antes de voltar atrás na quarta-feira e afirmar que "não foram tomadas decisões" a respeito.
Em junho, Trump e Kim expressaram o compromisso de alcançar a "completa desnuclearização da península coreana". Mas os esforços permaneceram estagnados nos últimos dias e, na semana passada, Trump ordenou o cancelamento de uma visita de Mike Pompeo a Pyongyang.
Pompeo declarou na terça-feira que Washington segue disposto a prosseguir com os contatos "quando ficar claro que o presidente Kim está pronto para cumprir os compromissos que assumiu na cúpula de Singapura com o presidente Trump para desnuclearizar por completo a Coreia do Norte".
De acordo com o site de notícias americano Vox, Trump se comprometeu na cúpula de junho a assinar uma declaração para acabar com a Guerra da Coreia, mas agora a situação entre os dois países se encontra em um impasse sobre quem cumprirá primeiro seus compromissos.
Na quarta-feira (29), a porta-voz do Departamento de Estado Heather Nauert disse aos jornalistas que Washington acredita que "a desnuclearização deve ocorrer antes de chegarmos aos demais compromissos".