MORTES

Racismo e misoginia teriam motivado autores de massacres nos EUA

A Polícia e o FBI tentam montar o quebra-cabeça para entender o que levou dois jovens americanos a cometer os massacres do fim de semana

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Publicado em 06/08/2019 às 21:34
Foto: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
A Polícia e o FBI tentam montar o quebra-cabeça para entender o que levou dois jovens americanos a cometer os massacres do fim de semana - FOTO: Foto: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
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Um deles foi motivado pelo ódio aos imigrantes e advertiu antes de agir para uma "invasão hispânica"; no outro, as razões são menos claras, mas aparentemente o autor detestava as mulheres e havia feito uma lista negra quando estava no ensino médio.

A Polícia e o FBI tentam montar o quebra-cabeça para entender o que levou dois jovens americanos a cometer os massacres do fim de semana nos Estados Unidos.

Massacre em El Paso

Patrick Crusius, um jovem branco e desempregado de 21 anos que morava no subúrbio de Dallas abriu fogo no sábado em um supermercado de El Paso, Texas, usando uma arma semiautomática.

Vinte minutos antes do massacre que deixou 22 mortos, entre os quais oito mexicanos, Crusius publicou um manifesto supremacista no fórum 8chan, intitulado "Uma verdade inconveniente", no qual explicava que o ataque era uma "resposta à invasão hispânica do Texas". 

Crusius também disse que estava "defendendo" os Estados Unidos de "uma substituição étnica e cultural, trazida por uma invasão" e fez alusão ao massacre de Christchurch, na Nova Zelândia, onde um homem branco matou 51 fiéis em duas mesquitas em março passado.

O chefe de polícia de El Paso, Greg Allen, disse que Crusius não demonstrou nenhum arrependimento desde sua prisão e parece se encontrar "em um estado de comoção e confusão". 

Segundo documentos judiciais, Crusius estava desempregado há cinco meses e morava com os avós.

Em uma declaração, seus avós confirmaram que o atirador morava com eles enquanto frequentava a universidade pública Collin County College, mas contaram que há seis semanas tinha se mudado.

Segundo a CNN, uma conta no Twitter atribuída a Crusius estava repleta de mensagens sobre o presidente americano, Donald Trump, inclusive uma com seu nome escrito com armas. 

Em seu perfil da rede social profissional LinkedIn, Crusius escreveu: "Não estou motivado a fazer nada mais que o necessário para sobreviver". 

"Em geral, trabalhar é um nojo, mas acho que uma carreira em desenvolvimento informático me cai bem. Em geral, passo oito horas todo dia no computador, sendo assim, isso conta como experiência em tecnologia, acho", redigiu. 

El Paso fica a oito horas de carro de Dallas e parece que Crusius escolheu a cidade como alvo porque mais de 80% da população é latina e a cidade fica próxima da fronteira com o México.

Um rapaz estranho

As motivações do outro atirador, Connor Betts, de 24 anos, são menos claras, mas vários de seus conhecidos disseram a veículos de comunicação americanos que ele tinha um histórico de comportamento perturbador, especialmente em suas relações com as mulheres.

Na manhã de domingo, armado com um fuzil semiautomático, Betts matou nove pessoas, inclusive a própria irmã, Megan Betts, em Dayton, Ohio. Em menos de um minuto, foi morto pela Polícia.

Betts era branco e seis de suas vítimas eram negros, embora os investigadores não tenham encontrado indícios de que o ataque estivesse motivado por questões raciais.

O agente do FBI Todd Wickerham disse aos jornalistas nesta terça-feira que Betts tinha mostrado um interesse por "ideologias violentas", mas se negou a dar detalhes.

Mika Carpenter, de 24 anos, que conhecia Betts desde os 13 anos, disse ao jornal The New York Times que o rapaz "estava cheio de ódio pelas mulheres porque elas não queriam sair com ele". 

O jornal The Dayton Daily News noticiou que Betts foi suspenso da escola de ensino médio por ter feito uma lista negra com nomes de moças e, segundo o Buzzfeed News, fazia parte de um grupo de "pornogrind", gênero de heavy metal cujas letras descrevem atos sexuais muito violentos.

Demoy Howell, um amigo de Betts, disse ao mesmo veículo que o atirador "sempre foi um pouco estranho". 

"Tinha um senso de humor muito sombrio", disse o amigo, mencionando brincadeiras sobre pessoas morrendo e que sempre se vestia de preto.

"Não acho que seja um crime de ódio, mas uma questão de 'ódio do mundo'", resumiu Howell.

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