PREMIAÇÃO

Nobel de Química vai para trio americano-britânico-japonês por baterias de lítio

O prêmio Nobel de Química foi concedido nesta quarta-feira (9). As baterias de lítio estão presentes em muitas tecnologias cotidianas

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 09/10/2019 às 9:03
Naina Helen JAMA / TT News Agency / AFP
O prêmio Nobel de Química foi concedido nesta quarta-feira (9). As baterias de lítio estão presentes em muitas tecnologias cotidianas - FOTO: Naina Helen JAMA / TT News Agency / AFP
Leitura:

O Prêmio Nobel de Química foi concedido nesta quarta-feira (9) ao americano John Goodenough, ao britânico Stanley Whittingham e ao japonês Akira Yoshino pela invenção das baterias de íon-lítio, presentes atualmente em muitas tecnologias cotidianas.

"Esse tipo de bateria leve, recarregável e poderosa é usada atualmente em todos os lugares, em telefones e computadores e veículos elétricos", afirmou a Academia Real Sueca de Ciências, que concede o prêmio.

"Ela também pode conservar quantidades significativas de energia solar e eólica, abrindo caminho para uma sociedade livre de combustíveis fósseis", explicou.

Após as crises do petróleo dos anos 1970, Stanley Whittingham, 78 anos e atualmente professor na universidade de Binghamton (Nova York), começou a pesquisar fontes de energia não fósseis. 

Foi assim que criou um cátodo inovador em uma bateria de lítio a partir de dissulfeto de titânio (TiS2).

John Goodenough, que aos 97 anos se torna o ganhador do Nobel mais velho da história, atualmente professor na universidade do Texas, previu que as propriedades desse cátodo poderiam aumentar se ele fosse produzido a partir de óxido metálico em vez de dissulfeto. 

Em 1980, ele demonstrou que a combinação de óxido de cobalto e íons de lítio poderia produzir até 4 volts.

A partir dessas descobertas, Akira Yoshino, de 71 anos, criou a primeira bateria comercial, em 1985.

Primeiro metal da Tabela Periódica de Mendeleev, o lítio também é o mais leve, uma característica importante para os dispositivos eletrônicos.

Mais de três décadas depois, a demanda por baterias de íons-lítio explodiu, particularmente com o desenvolvimento do mercado de veículos elétricos no contexto do aquecimento global.

"Acredito que a mudança climática é um desafio muito sério para a humanidade, e as baterias de íon-lítio podem armazenar eletricidade", disse Akira Yoshino, professor na universidade Meijo, em Nagoya, no Japão, após o anúncio da premiação.

Demanda em alta

"No contexto de crise climática atual, essas descobertas beneficiam a humanidade de várias maneiras", disse Pernilla Wittung-Stafshede, membro da Real Academia de Ciências, entrevistada pela AFP

No início, apenas 6% da produção global de lítio era destinado a baterias, mas hoje é responsável por 35%. 

Além das baterias, é usado na fabricação de vidro, cerâmica, alumínio, medicamentos.

"Nossa vida cotidiana depende dessa bateria de íon-lítio. Seja em nossos notebooks, computadores, carros híbridos ou elétricos, todos esses objetos eletrônicos são baseados na tecnologia de íon-lítio", explicou à AFP Jean-Marie Tarascon, químico do CNRS e professor do Collège de France.

Impulsionada pelo aumento da demanda, a produção global aumentou constantemente nos últimos anos: + 74% em 2017, + 23% em 2018 para 85.000 toneladas de lítio, de acordo com o relatório anual do United States Geological Survey (USGS).

Em 2018, a Austrália foi o maior produtor mundial de lítio (51.000 toneladas), seguido pelo Chile (16.000), China (8.000) e Argentina (6.200).

Cinco mulheres premiadas

O prêmio de Química de 2018 foi para a americana Frances Arnold, seu compatriota George Smith e o britânico Gregory Winter por seus trabalhos explorando os mecanismos da evolução para criar novas e melhores proteínas em laboratório.

Antes de Frances Arnold, Marie Curie (1911), sua filha Irene Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964) e Ada Yonath (2009) foram distinguidas em química.

Quando recebeu seu prêmio, Marie Curie se tornou a primeira ganhadora a ganhar dois prêmios Nobel, depois de já ter sido agraciada com o Prêmio de Física em 1903. 

A Medicina abriu a temporada do Nobel de 2019 na segunda-feira com a coroação de dois americanos, William Kaelin e Gregg Semenza, bem como do britânico Peter Ratcliffe, autores de descobertas sobre a adaptação das células à falta de oxigênio que abrem perspectivas promissoras para o tratamento do câncer e da anemia. 

O prêmio de Física foi entregue na terça-feira ao canadense-americano James Peebles, que seguiu os passos de Einstein para esclarecer as origens do universo, e aos suíços Michel Mayor e Didier Queloz, que revelaram pela primeira vez a existência de um planeta fora do sistema solar.

Quinta-feira será a vez do Nobel de Literatura, que terá dois vencedores, um para 2018 e outro para 2019, depois que a Academia Sueca, que o concedeu, adiou a premiação do ano passado em razão de um escândalo de agressão sexual.

O Prêmio Nobel de Economia, criado em 1968 pelo Banco da Suécia por ocasião do seu centenário, marcará a temporada de premiações concedidas pelas instituições suecas.

Enquanto isso, em Oslo, na sexta-feira, 11 de outubro, será entregue o prestigioso prêmio da Paz pelo Comitê do Nobel da Noruega. 

Os laureados recebem um cheque de 9 milhões de coroas (830.000 euros), a ser compartilhado, se necessário, entre os ganhadores do mesmo prêmio, além de uma medalha e um diploma.

Últimas notícias