A grande marcha contra as políticas sociais do governo de Sebastián Piñera reúne nesta sexta-feira (25) cerca de um milhão de pessoas e continua em ascensão no centro de Santiago, em um clima de efervecência popular e "de forma pacífica", informou a Intendência da capital.
Bandeiras chilenas, apitos, cartazes e panelas são levados pelos manifestantes, que se concentram em uma marcha pacífica. O país está marcado pelo alto nível de repressão dos protestos, que já deixaram ao mínimo 19 mortos, somente em uma semana, enquanto denúncias de torturas e agressões feitas pela polícia e pelo Exército são feitas por institutos de proteção aos direitos humanos.
O alto índice de feridos e mortos fez com que a alta-comissária para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, enviasse uma equipe para investigar as denúncias. O convite foi feito pelo próprio Piñera.
Os manifestantes, que até o momento não são representados por organizações ou partidos políticos, expressam demandas de melhores salários, pensões e ensino público. As manifestações são as maiores desde o restabelecimento da democracia no país, após a ditadura do ex-presidente Augusto Pinochet (1973-1990).
Piñera chegou a pedir "perdão" nesta semana pela "falta de visão" em relação às mobilizações no país. A agenda social anunciada pelo presidente na quarta-feira inclui um aumento de 20% nas pensões e de 16% no salário mínimo, além de um projeto para reduzir os preços de medicamentos e reduzir o salário dos parlamentares, que recebem US$ 14 mil.
Nesta sexta, o presidente assinou um projeto que prevê um aumento de US$ 30 nas pensões dos mais pobres, que recebem em média US$ 150. A medida favorecerá cerca de 600 mil pessoas. A maioria dos chilenos ganha entre 400 mil e 500 mil pesos, equivalente entre US$ 562 a US$ 762, que não cobrem as necessidades básicas da população.
Também nesta sexta, o Congresso chileno foi fechado após a tentativa de invasão de centenas de manifestantes, em Valparaíso Houve confronto com a polícia, que lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.
Enquanto os congressistas eram retirados, grupos de manifestantes encapuzados armavam barricadas e jogavam pedras contra os policiais militares, chamados de carabineros. Na quinta, o Congresso aprovou um projeto de lei que reduz as tarifas de energia, enviado por Piñera.
Na periferia da capital, caminhoneiros e cidadãos que utilizam o transporte público do país bloquearam estradas também nesta sexta, após terem decretado greve geral. Os caminhões circulavam lentamente pela rota que une o país de norte a sul, onde se somaram motoristas e ciclistas com bandeiras chilenas e cartazes
Apesar de uma série de problemas, os protestos culminaram após o decreto de um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, que passaria a custar 830 pesos, o equivalente a aproximadamente US$ 1. O governo também voltou atrás com o decreto, mas mesmo assim os manifestantes seguem pedindo a renúncia de Piñera.
Grande concentração
"Novo informe de @Carabdechile informa uma concentração acima de 500 mil pessoas (e em aumento)", informou a Intendência de Santiago no Twitter faltando quase uma hora para o início da manifestação multitudinária, em alusão aos dados da Polícia chilena.
Leia Também
- Protestos no Chile: Presidente se reúne com lideranças em busca de um acordo
- Citando protestos no Chile, Humberto Costa diz que 'Bolsonaro está com os dias contados'
- Milhares marcham no Chile apesar de pedido de desculpas de Piñera
- Piñera faz novas concessões e ONU envia missão para investigar abusos no Chile
- Manifestantes tentam invadir Congresso do Chile