O atraso por parte do governo da cidade chinesa de Wuhan na resposta à descoberta do novo coronavírus agravou a epidemia - reconheceu nesta sexta-feira (31) o secretário municipal do Partido Comunista para Wuhan, Ma Guoqiang. Esta localidade é o epicentro da atual crise.
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Mais de 210 pessoas morreram, e quase 10 mil foram infectadas na China pelo novo coronavírus. Além disso, novos casos foram descobertos no exterior, com mais de 20 países afetados pela doença até o momento.
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Nas redes sociais, as autoridades de Wuhan foram duramente criticadas pela população por sua demora em agir. Também foram acusadas de segurarem a informação sobre a infecção até o fim do ano passado, apesar de terem conhecimento da nova doença semanas antes.
"Agora, estou em estado de culpa, remorso e autorrecriminação", afirmou Ma Guoqiang.
"Se as rígidas medidas de controle tivessem sido adotadas mais cedo, o resultado teria sido melhor do que agora", admitiu ele, em entrevista à emissora de televisão estadual CCTV.
Wuhan e cidades próximas na província de Hubei foram isoladas em 23 de janeiro, com restrições de transporte e de circulação que afetam 56 milhões de pessoas.
Segundo Ma, medidas restritivas deveriam ter sido adotadas pelo menos dez dias antes.
"Acho que, se tivéssemos tomadas medidas como essa na época, a epidemia teria sido, de alguma forma, amenizada, e não teríamos chegado à situação atual", completou.
OMS considera improdutivo fechar fronteiras pelo coronavírus
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, também nesta sexta-feira, que o fechamento das fronteiras com a China seria improdutivo e poderia incentivar as pessoas a viajarem ilegalmente - o que favoreceria a propagação da epidemia.
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"Foi dito e reiterado claramente que a Organização Mundial da Saúde não recomenda restrições de viagens e comércio", afirmou um porta-voz da agência, Christian Lindmeier, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
"Como outras situações mostraram, como o Ebola, especialmente quando as pessoas querem viajar, elas fazem isso. E, se as fronteiras oficiais não estiverem abertas, elas encontrarão outros pontos de passagem informais", afirmou.
Os países estão cada vez mais preocupados com o vírus. Rússia, Singapura e Mongólia anunciaram o fechamento de suas fronteiras para viajantes do gigante asiático, com o objetivo de tentar limitar a propagação da epidemia de pneumonia viral.
Lindmeier destacou, porém: "a única maneira de controlar quem passa pelas fronteiras e monitorar se apresentam sintomas de infecção é fazê-los passar por pontos de passagem oficiais".
Embora a grande maioria dos casos tenha sido detectada na China, uma centena deles também foi declarada em cerca de 20 países. A OMS e a China concordaram em enviar uma missão internacional de especialistas, mas seus detalhes são desconhecidos, informou a organização nesta sexta-feira.