SAÚDE

Cachorro de paciente diagnosticada com coronavírus testa positivo para doença em Hong Kong

Departamento agrícola do território disse que não tem evidências de que animais de estimação possam ser infectados ou que sejam uma fonte de infecção para pessoas

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 28/02/2020 às 8:52
Foto Ilustrativa: Noel Celis/AFP/Getty Images
Departamento agrícola do território disse que não tem evidências de que animais de estimação possam ser infectados ou que sejam uma fonte de infecção para pessoas - FOTO: Foto Ilustrativa: Noel Celis/AFP/Getty Images
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O cachorro de uma paciente diagnosticada com coronavírus em Hong Kong testou positivo para "baixo nível" da doença, segundo relatório divulgado na última sexta-feira (21) pelo governo do território autônomo no sudeste da China. No Brasil, apenas um caso da doença foi confirmado, enquanto em Pernambuco cinco casos suspeitos são investigados.

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Conforme declaração do Departamento de Agricultura e Pesca, o animal testou "fraco positivo" [tradução livre] para o coronavírus, sem dar mais detalhes. Funcionários vão realizar novos testes para confirmar se o cachorro realmente está infectado com a doença.

Um estudo publicado no Journal of Medical Virology em janeiro deste ano relaciona que o surto de coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, tenha relação com o consumo de morcego e carne de cobra, ambos vistas como uma iguaria local. Já pesquisadores da Universidade de Agricultura do sul da China identificaram o mamífero pangolim como um possível "hospedeiro intermediário" que facilitou a transmissão do vírus.

No entanto, o departamento agrícola de Hong Kong disse que não tem evidências de que animais de estimação possam ser infectados ou que sejam uma fonte de infecção para pessoas.

O que é coronavírus (COVID-19)?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (SARS-CoV-2) foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 após casos registrados na China. Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Passo a passo para adequada lavagem das mãos, segundo a Anvisa:

1. Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar-se a pia;
2. Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos;
3. Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si;
4. Esfregar a palma da mão direita contra a parte de trás da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa;
5. Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços entre os dedos;
6. Esfregar a parte de trás dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa;
7. Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda, utilizando-se movimento circular e vice-versa;
8. Friccionar as pontas dos dedos e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa;
9. Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita, utilizando movimento circular e vice-versa;
10. Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira;
11. Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toalha.

Uso de máscaras e álcool em gel

Apesar da crescente procura da população por máscaras e álcool em gel, com receio da propagação do Covid 19, após o primeiro caso ser confirmado no Brasil, é preciso cautela. Isto porque o uso das máscaras é indicado apenas para pessoas que têm vínculo epidemiológico, ou seja, estiveram em países como China, Coreia do Sul e Itália nos últimos 14 dias e apresentam sintomas como tosse, febre e falta de ar. Em relação ao álcool em gel e à higienização das mãos, o cuidado envolve a forma e a frequência, visto que não há restrições e que as ações deveriam fazer parte da rotina.

"Não precisa sair todo mundo comprando máscara cirúrgica. Só quem tiver o vínculo epidemiológico e apresentar sintomas, ou quem tiver contato com este paciente. Mesmo que o caso seja confirmado no Estado, não significa que qualquer infecção de via aérea superior vá ser por coronavírus", explica o infectologista Gabriel Serrano. Sobre o álcool em gel, o médico alerta que a pessoa deve utilizá-lo quando não puder lavar a mão com água e sabão. A higienização das mãos deve ser feita cotidianamente e não apenas nos casos de doença, sempre que a pessoa tossir ou espirrar, antes e depois das refeições ou quando necessário.

Nada de alarde

Apesar da suspeita, o secretário de Saúde do Estado de Pernambuco, André Longo, tranquilizou a população, dizendo, nessa quarta-feira (26), que nem todos os casos precisarão de atenção hospitalar e relembra que o único caso confirmado do coronavírus no Brasil está recebendo acompanhamentos médicos em casa.

André Longo explica que o Governo do Estado está "vigilante" quanto aos possíveis casos de coronavírus e pronto para a contenção do vírus em Pernambuco. "Nós estamos observando a ampliação de casos suspeitos no Brasil, que quadruplicou, de ontem [terça, 25] para hoje [quarta, 26], e aqui em Pernambuco, nós tínhamos um caso suspeito ontem [terça] e nós notificamos mais dois casos ao Ministério da Saúde", argumenta.

Longo aconselha as pessoas que tenham, porventura, sintomas do novo coronavírus. Ele indica que os pacientes procurem as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e deixem os hospitais referência no tratamento do vírus para casos realmente suspeitos.

De acordo com o assessor da Secretaria Estadual de Saúde, Demetrius Montenegro, se os casos forem confirmados, os familiares e outras pessoas que tiveram contato com os pacientes receberão uma observação intensiva por 14 dias, que é o período prescrito para todos os pacientes.

Primeiro caso de coronavírus no Brasil

O exame de contraprova realizado no brasileiro que chegou da Itália na sexta-feira (21) confirmou a infecção do homem de 61 anos pelo novo coronavírus. Nessa terça-feira (25), o paciente havia recebido um primeiro teste positivo para o vírus. Os casos suspeitos estão assim espalhados: Paraíba (1), Pernambuco (3), Espírito Santo (1), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2) e Santa Catarina (2) e São Paulo (11).

Confira o mapa de casos de coronavírus

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