Em sua primeira agenda oficial no interior de São Paulo, o candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, foi a Presidente Prudente, um dos mais fiéis redutos tucanos, e criticou o ex-governador e candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. "Alckmin se juntou ao que tem de pior na política brasileira. É por isso que os eleitores dele agora estão me apoiando. É só comparar a minha vida pregressa com a dele. Estou no sétimo mandato de deputado federal e não tenho uma mancha. Já ele está na mira da Lava Jato em São Paulo", afirmou.
Bolsonaro disse que as mais recentes pesquisas mostram que a estratégia de Alckmin, de se juntar aos partidos do Centrão para ter mais tempo de TV, não deu certo. "O tal do blocão, o grande acordo que existe entre eles, e que o PSDB nega se for perguntado, é que, em chegando lá, o presidente assina um indulto para o Lula e para uma parte da Lava Jato."
De acordo com o candidato do PSL, o eleitor não aceita mais a política do "toma lá da cá" e rejeita candidatos com essa postura. "Deputados de grande parte desse Centrão, e até do PSDB, não vão pedir voto para o Alckmin. O deputado pede voto para o Alckmin e acaba perdendo voto. Ele (Alckmin) vai ter dificuldade para que os deputados do Centrão trabalhem para ele "
Bolsonaro também contrapôs seu estilo, que considera "autêntico", ao do tucano. "Pergunte para o Alckmin sobre o aborto e sobre ideologia de gênero. Ele vai ficar em cima do muro. As minhas posições são claras, são as mesmas que eu defendo sempre."
As afirmações foram feitas em entrevista coletiva depois de o candidato ter seguido em carreata do aeroporto até a praça 9 de Julho, no centro da cidade. Ele caminhou rapidamente pelo calçadão e, em seguida, discursou em cima de um carro de som. Cerca de 800 pessoas participaram do ato, segundo estimativas da Polícia Militar.
Durante a caminhada no calçadão, o candidato ouviu gritos de "lixo" de um grupo de estudantes. "Ele não fala coisa com coisa, como quer governar o Brasil", disse Giovana Stefani, de 18 anos.
Ao microfone, Bolsonaro vinculou o PSDB ao PT, que registrou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato. "Chega dessa dupla de irmãos corruptos, que querem mergulhar o País no caos. Nos últimos anos eles nos assaltaram. Temos que varrer do mapa o PT e o PSDB."
E criticou a construção de presídios na região por governos tucanos. "Presídio tem que ser construído na região amazônica, não aqui. Lá o sujeito não tem acesso a celular e realmente fica afastado do convívio da sociedade, sem contato com os que estão do lado de fora."
Bolsonaro atribuiu ao PT a culpa pelos incidentes de violência de brasileiros contra venezuelanos na fronteira entre os dois países, em Roraima. "Não podemos criticar o povo de Roraima pelo que aconteceu. Está havendo uma entrada indiscriminada de venezuelanos no País e nem todos têm compromisso com a lei e a ordem. Agora é preciso impor a lei e controlar a violência."
Ele disse que o PT apoiou os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. "Quando a Venezuela deu os primeiros sinais de quebradeira, a elite venezuelana foi para Miami, parte da classe média foi para o Chile e os pobres estão vindo para o Brasil."
Bolsonaro aproveitou a visita a Presidente Prudente, região de fazendas e berço do Movimento dos Sem Terra (MST) em São Paulo, para reafirmar que não vai admitir invasão de propriedades. Ao lado do presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, coordenador de sua campanha no meio rural, defendeu o uso de armas contra "invasores". "No que depender de mim, qualquer invasor vai ser recebido à bala. O MST gera uma insegurança muito grande no campo. O proprietário tem a fazenda invadida e alguns governos favoráveis à ideologia deles fazem corpo mole na hora de cumprir a reintegração. Qualquer invasão, seja rural ou urbana, tem de ser repelida com força", disse.
Diante de apoiadores, foi aplaudido ao defender o fim do estatuto do desarmamento, que restringe a venda e o porte de armas no País. "Vamos dar aos cidadãos de bem o direito de posse à arma de fogo. Não é armar a população, é garantir a posse de uma arma para o cidadão defender sua vida."