A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse nessa quinta-feira (18) que foi "ampla e institucional" a declaração do candidato do partido à Presidência, Fernando Haddad, de que o juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, "ajudou o País".
"O que estamos dizendo sempre é que o juiz Sérgio Moro, isso nós nunca tiramos da narrativa, errou no processo e não apresentou até agora provas contra o presidente Lula", afirmou a senadora, após visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão em Curitiba. Gleisi disse ainda que é, "justamente por ter errado", que Moro é alvo de representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Ele deve explicações com quem ele anda e de como ele fez esse processo", afirmou.
Tramita no conselho uma representação do PT contra o magistrado por causa da divulgação da delação do ex-ministro Antonio Palocci. Na resposta ao CNJ, Moro criticou o PT. Gleisi rebateu. "Quem ofende o direito brasileiro e não respeita o devido processo legal (é o juiz). É um processo (contra Lula) extremamente politizado. O juiz Sérgio Moro, se não quer entrar para a seara da política e receber críticas, não deveria ter politizado o processo eleitoral", disse a senadora.
Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), a fala de Haddad sobre Moro demonstra que o partido "reconhece a Justiça de uma forma geral". "Não somos contra o combate à corrupção. Tudo o que Moro está fazendo é com base em medidas que nós aprovamos", afirmou.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), por outro lado, disse que a declaração sobre o juiz foi "um pouco descontextualizada" e que a sigla mantém a avaliação crítica sobre a atuação de Moro. "Temos a mesma opinião, sempre tivemos."
Haddad tem feito uma série de concessões neste segundo turno, e uma delas foi elogiar Moro. "Em geral, ele (Moro) ajudou. Em relação à sentença do Lula, acho que foi um erro que vai ser corrigido pelos tribunais superiores. Em geral, Sérgio Moro fez um bom trabalho", declarou o candidato do PT.
Além de reduzir as visitas a Lula na prisão e tirar o vermelho do material de campanha, Haddad admitiu erros da gestão petista, defendeu mecanismos de controle das estatais e desistiu da ideia da descriminalização das drogas e do aborto. A legalização do aborto era uma das principais pautas defendidas pela vice dele, Manuela d'Ávila (PCdoB).
Haddad registrou novo programa de governo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta semana e excluiu trechos que tratavam da reforma das polícias e da descriminalização das drogas, além da proposta de convocação de uma Assembleia Constituinte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.