O Exército Brasileiro informou nesta terça-feira (23) que o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, pediu ao Ministério Público Militar que investigue vídeo no qual o coronel Carlos Alves, militar da reserva, dispara uma série de ofensas a integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). No vídeo, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, que também atua no STF, é chamada de "salafrária", "corrupta" e "incompetente".
"O referido militar afronta diversas autoridades e deve assumir as responsabilidades por suas declarações, as quais não representam o pensamento do Exército Brasileiro. O general Villas Bôas, Comandante do Exército, é a autoridade responsável por expressar o posicionamento da Força", informou em nota o Exército, que confirmou que o homem que aparece no vídeo é o coronel Carlos Alves.
"O Comandante do Exército, por intermédio de seu Gabinete, encaminhou uma representação ao Ministério Público Militar solicitando que fosse investigado o cometimento de possível ilegalidade", comunicou a assessoria do Exército Brasileiro.
A Segunda Turma do STF decidiu nesta terça-feira (23) pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue o vídeo.
"Olha aqui, Rosa Weber, primeiro que eu falo: eu não tenho medo de você, nem de ninguém. Não te atreve a ousar aceitar essa afronta contra o povo brasileiro, essa prova indecente do PT de querer tirar Bolsonaro do pleito eleitoral, acusando-o de desonestidade, de ser cúmplice numa campanha criminosa fraudulenta com o WhatsApp para promover notícias falsas", avisa o autor do vídeo, em relação a uma ação que tramita no TSE para investigar o suposto disparo em massa de mensagens contra o PT.
Dirigindo-se à ministra Rosa Weber, o militar da reserva prossegue: "Se você aceitar essa denúncia ridícula e tentar tirar Bolsonaro, nós vamos derrubar vocês aí, sim, porque aí acabou". O autor do vídeo chamou o STF de tribunal de "canalhas" e "vagabundos", e afirmou não aceitar um resultado que não seja a vitória do candidato do PSL.
Na abertura da sessão da 2ª Turma nesta tarde, o decano da Corte, ministro Celso de Mello, considerou o discurso do vídeo "repugnante". "Exteriorizou-se esse discurso imundo e sórdido mediante linguagem insultuosa, desqualificada por palavras superlativamente grosseiras e boçais, próprias de quem possui reduzidíssimo e tosco universo vocabular, indignas de quem diz ser Oficial das Forças Armadas", disse Celso de Mello.