"Está muito frio aqui dentro", esbravejou o deputado Giovani Cherini (PDT-RS), em referência ao ar condicionado do plenário do Congresso durante a sessão que discutiu a manobra fiscal do governo para fechar as contas deste ano.
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A fala, no entanto, não fazia jus à real temperatura das cerca de 19 horas de debates acalorados e troca de provocações entre governistas e oposicionistas.
Toda a discussão ocorreu em meio a cochilos discretos nas cadeiras do plenário pelos congressistas, rodas de conversas no cafezinho, selfies no plenário e até um rateio de pacotes de biscoito para matar a fome. Muitos acabaram recorrendo a jogos em tablets e celulares para passar o tempo.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) chegou a levar a filha ao plenário para acompanhar a discussão.
Alguns parlamentares que abandonaram a votação para participar de jantares foram convocados pelos líderes da bancada e até ministros para fazer a meia-volta.
O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), chegou a brincar com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator do projeto que flexibiliza a meta de superavit primário, que a sessão precisava ser encerrada para não desrespeitar o Estatuto do Idoso. "Tem idoso aqui, temos que ficar de olho no Estatuto do Idoso", brincou.
Nas últimas semanas, Mendonça protagonizou embates acalorados para evitar que a base governista avançasse com a proposta. Na discussão da matéria na Comissão Mista de Orçamento, ele arrancou um papel da mão de Jucá. Em uma votação no plenário, partiu para cima do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), reclamando de atropelos aos diretos da oposição.
Um dos que mais discursou, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) chegou com a voz rouca no fim do trabalho.
Para tentar acelerar a sessão, o deputado Silvio Costa (PSC-PE) pediu que os governistas não falassem para não atrasar a votação.
A sessão mais longa da história da Câmara, por exemplo, durou 23 horas e ocorreu na discussão da Medida Provisória que tratou de novas regras para os portos no país.