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Sob ordem de Lula, Haddad faz trocas em equipe para enfraquecer rivais

Mudanças também conferiram maior prestígio a dirigentes do PT paulista, em esforço para evitar disputas internas a um ano da campanha municipal

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Publicado em 27/01/2015 às 12:46
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Mudanças também conferiram maior prestígio a dirigentes do PT paulista, em esforço para evitar disputas internas a um ano da campanha municipal - FOTO: Foto: Fotos Públicas
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Sob o comando do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reformulou sua equipe de secretários para inviabilizar candidaturas adversárias à sua reeleição em 2016.

Em um desenho que reproduziu alianças do plano federal, o petista atua para impedir o lançamento de um candidato próprio pelo PMDB e para neutralizar a movimentação partidária da senadora Marta Suplicy (PT-SP).

Na tentativa de enfraquecer as candidaturas de oposição, o petista convidou ainda o PSD do ex-prefeito de São Paulo e ministro recém-empossado Gilberto Kassab (Cidades) para integrar sua nova equipe de governo. As mudanças, realizadas nas duas últimas semanas, também conferiram maior prestígio a dirigentes do PT paulista, em esforço para evitar disputas internas a um ano da campanha municipal.

Na semana passada, Haddad convidou o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha para a Secretaria de Relações Governamentais e o senador Eduardo Suplicy para Direitos Humanos e Cidadania.

Ao acomodá-los na máquina municipal, o prefeito amarrou os dois petistas ao seu projeto à reeleição e, assim, deteve de uma vez possíveis concorrentes internos.

A negociação da nova equipe de governo foi toda articulada por Lula, que tem manifestado a aliados preocupação com o desempenho eleitoral do PT em São Paulo.

Em 2014, a presidente Dilma Rousseff (PT) teve apenas 35,7% dos votos válidos no segundo turno em São Paulo. Candidato do partido ao governo, Padilha amargou o terceiro lugar com 18,2%.

O ex-presidente petista tem reafirmado que o projeto nacional do PT está ameaçado caso o cenário no Estado não seja revertido até 2018.

Com o rearranjo municipal, a intenção dele é melhorar a avaliação do prefeito e, assim, fortalecer a imagem da sigla na capital paulista. A última pesquisa Datafolha, divulgada em setembro, mostrou melhora na aprovação da gestão municipal, mas ela ainda patina em 22%.

ESPELHO

A negociação com siglas aliadas em São Paulo tentou repetir a atual composição da Esplanada dos Ministérios. A exemplo do plano federal, o PMDB ganhou mais espaço na prefeitura, passando de três para cinco pastas, e deve compor dobradinha com o PT na disputa eleitoral de 2016.

A operação que levou o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) ao comando da Secretaria da Educação, e que deve lançá-lo como vice de Haddad no ano que vem, foi montada por Lula e pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB).

O acordo descarta uma candidatura do PMDB ao governo municipal e fecha as portas do partido para uma eventual candidatura de Marta Suplicy. O PMDB era apontado como um dos possíveis destinos da senadora caso decida deixar seu partido.

O rearranjo também fortaleceu a aliança nacional entre PT e PR, outra sigla que poderia oferecer espaço para Marta Suplicy, e amarrou o apoio do partido à reeleição do prefeito em 2016. À frente do Ministério dos Transportes, o ex-senador Antonio Carlos Rodrigues (PR) indicou o advogado Marcelo Nobre para a secretaria de Negócios Jurídicos.

"É difícil ter um Ministério e ficar do lado contrário na maior cidade do Brasil", reconheceu Rodrigues.

Na tentativa de aproximar o PSD do PT também em São Paulo, uma vez que o partido já compõe a Esplanada dos Ministérios, o prefeito ofereceu à sigla a presidência da empresa São Paulo Turismo. A legenda, no entanto, ainda não definiu um nome para ocupar o posto.

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