Com início em um posto de gasolina -de onde surgiu seu nome-, a Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014 e que já conta com sete fases, investiga um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos.
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Uma das primeiras prisões foi a do doleiro Alberto Youssef, 47. Criado em Londrina, foi vendedor de pastel e contrabandista de eletrônicos do Paraguai antes de aprender o ofício de doleiro. Foi preso nove vezes. Uma delas, pela participação no chamado caso Banestado, maior escândalo já investigado no Brasil sobre remessas ilegais de dinheiro.
Três dias depois, houve a prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras. Costa era investigado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Ele passou a ser investigado pela PF após ganhar, em março de 2013, um carro de luxo de Youssef.
Tanto Costa quanto Youssef assinaram com o Ministério Público acordos de delação premiada para explicar detalhes do esquema e receber, em contrapartida, alívio das penas.
Em seu depoimento, o ex-diretor da Petrobras afirmou que havia um esquema de pagamento de propina em obras da estatal, e que o dinheiro abastecia o caixa de partidos como PT, PMDB e PP.
No final de outubro, Julio Camargo, da empresa Toyo-Setal, fechou acordo de delação premidada com procuradores. É o primeiro executivo a fazê-lo. Uma semana depois, outro executivo da empresa, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, também assinou uma delação.
Em novembro de 2014, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Lava Jato, que envolveu buscas em grandes empreiteiras como a Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht, além de outras sete companhias.
As empresas envolvidas têm contratos de R$ 59 bilhões com a Petrobras.
As denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal foram acatadas e a Justiça Federal tornou réus 39 pessoas.
O juiz federal do Paraná Sérgio Moro é responsável pelas ações penais decorrentes da Lava Jato nos casos que não envolvem políticos -que possuem foro privilegiado e, por isso, são investigados pelo Supremo Tribunal Federal. O magistrado é referência no julgamento de crimes financeiros.
Em janeiro de 2015, a Justiça Federal do Paraná começa a ouvir os primeiros depoimentos de testemunhas de acusação: Paulo Roberto Costa, os executivos ligados à Toyo Setal, Venina Velosa Fonseca, funcionária da Petrobras que afirmou às autoridades ter avisado a atual presidente da estatal Graça Foster sobre as irregularidades na petrolífera, e os antigos colaboradores de Youssef Carlos Alberto Pereira da Costa e Meire Poza.
Nesse contexto de pressões da operação e de dificuldades para estimar os prejuízos da corrupção à Petrobras, a presidente da empresa, Graça Foster, e outros cinco diretores são demitidos.
Ainda em janeiro, uma nova fase da operação é deflagrada e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é levado a depor na Polícia Federal. Há 62 pedidos de prisões preventivas, temporárias e coercitivas e de busca e apreensão.
Ao todo, há 25 empresas envolvidas, sediadas em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e Rio de Janeiro -a maioria de fachada, de acordo com as investigações. Essa nona fase da Jato tem como foco o pagamento de propinas na diretoria de Serviços da Petrobras e na BR Distribuidora.