O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) publicou nesta sexta-feira (20) uma nota rebatendo declarações da presidente Dilma Rousseff (PT) de que a corrupção na Petrobras deveria ter sido investigada durante a gestão do tucano.
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No ataque mais duro à petista, FHC diz que ela lançou mão de uma tática "infamante", "da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando 'pega ladrão'".
Nesta sexta, Dilma disse que "se em 1996 ou 1997 tivessem investigado e tivessem, naquele momento punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante quase 20 anos [atuando em esquema] de corrupção". "A impunidade, e isso eu disse durante toda a minha campanha, a impunidade leva água para o moinho da corrupção", concluiu.
FHC disse que, com a fala de Dilma, se sentiu "forçado a reagir". "O delator a quem a presidente se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor", afirmou, numa referência às declarações de Pedro Barusco, ex-gerente de engenharia da estatal, que hoje é delator na operação Lava Jato.
"Somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática. Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?", provoca FHC.
O tucano diz ainda que Dilma deveria "fazer um exame de consciência" em vez de "tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim". "Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor."
O ex-presidente diz ainda que o "petrolão" não se configura com base em um caso isolado de um funcionário negociando propinas, mas de um "processo sistemático que envolve os governos" Dilma e Lula. "Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários."
A íntegra da nota de FHC:
"Até agora, salvo lamentar o caráter de tsunami que a corrupção tomou no caso do 'Petrolão', não adiantei opiniões sobre culpados ou responsáveis, à espera do resultado das investigações e do pronunciamento da Justiça. Uma vez que a própria Presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vitima, rouba e sai gritando "pega ladrão"!", sou forçado a reagir.
1. O delator a quem a Presidente se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor; somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática. Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?
2. do mesmo modo, a delação do empreiteiro da Setal Engenharia reafirma que o cartel só se efetivou a partir do governo Lula.
3. no caso do "Petrolão" não se trata de desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em sua maioria, os responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da Presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e Ministra de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários.
4. diante disso, a Excelentíssima Presidente da Republica deveria ter mais cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor."