Preocupados com as prisões preventivas que vêm sendo realizadas pela Polícia Federal em função da Operação Lava Jato, emissários de empreiteiros procuraram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu sócio Paulo Okamotto para pedir interferência política. A informação foi divulgada na edição desta sexta-feira (20) do jornal O Estado de S. Paulo. Ainda de acordo com o jornal, os encontros foram iniciados em 2014.
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Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto afirmou ter recebido pessoas ligadas às empresas investigadas pela Lava Jato. O objetivo foi discutir as consequências financeiras da operação para evitar o colapso das empresas.
Entre as pessoas que procuraram Okamotto está João Santana, diretor da Constran, empresa do grupo UTC. Uma das maiores doadoras da campanha do PT (foram doados R$ 21,7 milhões em campanhas), a UTC é investigada pela operação. No ano passado, o presidente da empresa, Ricardo Pessoa, foi preso pela Lava Jato e é apontado como peça central do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras.
Sobre o encontro, Okamotto afirmou ter recebido pedidos de ajuda de Santana. "Ele estava sentindo que as portas estavam fechadas, que tudo estava parado no governo, nos bancos. Eu disse a ele que acho que ninguém tem interesse em prejudicar as empresas. Ele está com uma preocupação de que não tinha caixa, que tinha problema de parar as obras, que iria perder, que estava sendo pressionado pelos sócios, coisa desse tipo", disse à reportagem d'O Estado de S. Paulo. A assessoria da Constran negou o encontro.
Outro envolvido na Lava Jato, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, preso no dia 14 de novembro, se reuniu com Lula para pedir ajuda durante o decorrer da delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O encontro é negado pelo ex-presidente.
O encontro das empreiteiras com políticos foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, à frente das investigações da Lava Jato. "Trata-se de uma indevida, embora malsucedida tentativa dos acusados e das empreiteiras de obter interferência política em seu favor no processo judicial (...) Certamente com o recorrente discurso de que as empreiteiras e os acusados são muito importantes e bem relacionados para serem processados", criticou o juiz, de acordo com a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.