Pesquisas realizadas pelo Datafolha durante a manifestação de domingo (15) na cidade de São Paulo construíram um perfil de quem deixou a casa para se juntar às 210 mil pessoas que lotaram a Avenida Paulista. O resultado das entrevistas mostrou que a principal motivação das pessoas para participar do evento foi protestar contra a corrupção. O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi a segunda razão mais apontada, mencionada por 27% dos manifestantes. Protestar contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e contra os políticos foram outros motivos mais citados, por 20% e 14% dos presentes, respectivamente.
Leia Também
- Segundo a polícia, protestos pelo Brasil reuniram 2,3 milhões de pessoas
- Resposta do governo a protestos foi um 'desastre', diz Cunha
- A corrupção é uma senhora idosa, diz Dilma após os protestos
- Após protestos, Dilma diz estar disposta a 'dialogar com todos, com humildade'
- Em resposta a protestos, líder do governo defende taxar fortunas
Em relação às eleições de 2014, 82% dos presentes disseram ter votado em Aécio Neves no segundo turno. O partido do candidato, o PSDB, teve a simpatia de 37% dos presentes, que, em sua maioria, nunca tinha ido a um protesto na rua; 74% afirmaram participar pela primeira vez de uma manifestação.
Os dados foram cruzados com as informações cedidas pelos manifestantes presentes no ato liderado pela CUT, UNE e MST, realizado na sexta-feira (13). O público (de 41 mil pessoas), desta vez, era formado majoritariamente por eleitores de Dilma Rousseff (71%). Os motivos que levaram os manifestantes às ruas foram lugar contra perdas de direitos trabalhistas, pelo aumento salarial dos professores, pela reforma política e em defesa da Petrobras. Apenas 4% afirmaram estar defendendo a presidente.
A comparação entre o público presente nas duas manifestações mostrou uma diferença no perfil social, mas não muito gritante. No ato da sexta, 68% dos presentes tinham ensino superior, contra 76% da manifestação do domingo. A renda dos manifestantes de "direita" também era maior. No domingo, 41% declarou receber mais de 10 salários mínimos, ante 12% no protesto de "esquerda".
A aprovação do governo Dilma foi a maior divergência entre os dois públicos. No domingo, 96% afirmou desaprovar a gestão da petista; na sexta, 26% concordou com a desaprovação.
A democracia foi um ponto em comum defendido pelos dois grupos. O Congresso Nacional também contou com opiniões semelhantes: na sexta, 61% consideraram a atividade do Legislativo ruim ou péssima. No domingo, 77% dos manifestantes concordaram com a afirmação.