O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta terça-feira (12) que é "extremamente preocupante" que a indicação do advogado Luiz Edson Fachin ao STF (Supremo Tribunal Federal) faça parte do jogo partidário no Brasil.
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"Não é possível que a gente tenha um ministro do Supremo Tribunal com vinculações e compromissos partidários", afirmou, em conversa com jornalistas em Nova York, onde participa de evento em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Apesar de estar nos Estados Unidos, Aécio ressaltou a presença integral dos membros do PSDB na sabatina de Fachin na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, nesta terça.
"O PSDB está hoje na sabatina com a integralidade dos seus membros contestando essa indicação e na semana que vem estaremos todos lá para cobrar explicações", disse. "Vamos dar ao ministro Fachin a oportunidade de trazer esses esclarecimentos a todos os brasileiros."
A aprovação do nome do advogado no Congresso é considerada difícil pelo governo, por causa de sua ligação com causas progressistas.
Pesam contra ele sua ligação com grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, um vídeo em que defende a candidatura de Dilma em 2010 e o exercício da advocacia privada no período em que foi procurador do Paraná.
Aécio afirmou ainda que discorda do apoio dado por seu colega de partido, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a Fachin -Dias é o relator da indicação. "Acho que ali prevaleceu uma ligação regional. Mas a nossa preocupação é muito grande pelas posições pretéritas do ministro Fachin", disse.
"O STF não pode pertencer a um partido político, a uma tendência ideológica. Ali as pessoas têm que estar preparadas para fazer justiça, para cumprir aquilo que determina a Constituição, e não para questioná-la."
Dias foi um dos patrocinadores do nome de Fachin para o STF e chegou a procurar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para defender a indicação do advogado.
O evento desta terça, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, reuniu políticos e empresários brasileiros. Na cerimônia, FHC e o ex-presidente americano Bill Clinton receberão o prêmio "Pessoa do Ano."
Compareceram os governadores Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Marconi Perillo (PADB-GO) e Pedro Taques (PDT-MT), os senadores Aécio Neves, José Serra e Tasso Jereissati, do PSDB, e deputados federais de vários partidos.
Chamado a discursar antes dos dois ex-presidentes, o publicitário Ninan Guanaes, do grupo ABC, responsável pelas campanhas de FHC em 1998 e de José Serra em 2002, começou dizendo que usaria uma palavra que só existe em português: saudade.
"Saudade, presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou, sendo aplaudido longamente e de pé pelo auditório lotado de um dos salões do Waldorf Astoria.
Bill Clinton, que discursou antes de FHC, saudou a amizade dois dois, lembrou de quando se conheceram, em dezembro de 1994, e afirmou que o tucano fez um governo "extraordinário".
"E ei-nos aqui, juntos no futuro", afirmou. "Poder é difícil de obter, difícil de exercer. O que define parceria é dividir sonhos, projetos. Fernando Henrique foi para mim esse parceiro", afirmou o ex-presidente dos EUA.
A cônsul do Brasil em Nova York, embaixadora Ana Lucy Gentil Cabral Petersen, também esteve na cerimônia, no hotel Waldorf Astoria.
Entre os empresários e executivos brasileiros, estavam presentes Luiz Carlos Trabucco, do Bradesco, André Esteves, do BTG Pactual, Luis Furlan, da Brasil Foods, José Luis Cutrale, Rubens Ometto, da Cosan, e Roberto Setúbal, do Itau.
Figuras habitués do prêmio da Câmara de Comércio Brasil-EUA relatam que a presença dos dois ex-presidentes conferiu peso à solenidade, que foi mais prestigiada que em edições anteriores. Compareceram 1.200 pessoas, maior lotação histórica desde que o prêmio foi instituído.