Preocupada com os desdobramentos de uma possível rejeição das contas do governo pelo TCU (Tribunal de Contas da União), a presidente Dilma Rousseff montou uma operação de "defesa prévia" do Palácio do Planalto e pediu que os parlamentares da base aliada a defendam no Congresso.
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Em reunião na noite desta segunda-feira (6) no Palácio da Alvorada, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, fizeram uma apresentação sobre as explicações que o governo dará ao TCU no dia 21 de julho a respeito das chamadas "pedaladas fiscais", prática condenada pelo órgão.
As explicações, afirmam participantes do encontro, devem ser usadas pelos parlamentares como argumento para defender Dilma publicamente no Congresso.
A presidente ponderou que as "pedaladas fiscais" eram usadas por outros governos e disse que a prática foi apenas uma operação cotidiana entre o Tesouro e a Caixa.
Ao deixar a reunião, o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (PT-AC), disse que "não havia regra estabelecida para a apresentação das contas".
"A única regra, de 1991, foi cumprida somente pelo Banco Central e como tal sempre foi aceita nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula, e outros. O FMI (Fundo Monetário Internacional) sempre aceitou, mas vão contestar essa regra agora?", questionou. "Não há o que temer, o TCU exagerou", concluiu.
A presidente vai escalar seus ministros, em especial Barbosa e Adams, para percorrer comissões e discutir o assunto com os parlamentares. O Planalto acredita que, se ganhar esse debate no Congresso, pode evitar que o TCU rejeite as contas. O papel do órgão é recomendar a aprovação ou rejeição das contas. O Congresso, em última instância, julga as contas da presidente.
Segundo participantes do encontro, a reunião e a fala de Dilma tiveram o objetivo de "transmitir normalidade" em um momento de crise aguda.
SOLIDARIEDADE
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que, nesta terça (7), líderes dos partidos aliados vão se reunir com o vice-presidente Michel Temer e elaborar uma nota "em solidariedade" a ele e a Dilma.
"Será um compromisso em defesa da Constituição", afirmou.
Nos bastidores, o governo tem se preocupado com os movimentos pelo afastamento da presidente que ganharam força na oposição com o agravamento da crise que acomete o Palácio do Planalto.
'APELO DRAMÁTICO'
Dilma, segundo dirigentes partidários, fez um "apelo dramático" ao Congresso contra a aprovação do projeto que altera a remuneração do FGTS, em tramitação na Câmara.
A presidente disse, de acordo com os relatos, que a aprovação desse texto "acaba com o Minha Casa, Minha Vida". A petista afirmou que pretende lançar em agosto a terceira etapa do programa e que a nova correção obrigaria o governo a "refazer todo o projeto", adiando seu laçamento.
Os líderes da base aliada firmaram um compromisso para adiar essa votação, segundo um dirigente partidário.
Depois de se reunir com os ministros, líderes da base e presidentes dos partidos aliados, a presidente fez uma reunião com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Até as 22h desta segunda, eles ainda estavam reunidos.