A presidente afastada Dilma Rousseff reiterou ser vítima de um golpe, e que seu líder é o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "O líder não é o presidente interino, o líder é o presidente da Câmara (Eduardo Cunha), que foi afastado agora", afirmou ao jornalista Glenn Greenwald, em entrevista publicada nesta quinta, 19, pelo site The Intercept.
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A presidente afastada afirmou que pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para definir o mérito da ação, mas deve fazê-lo apenas quando sua defesa julgar adequado. Ela também disse esperar que o presidente Ricardo Lewandowski "dê rito mais consistente" ao processo.
Questionada sobre a suspensão da investigação sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG), autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, Dilma afirmou julgar "estranha" a suspensão. "Pelo que eu saiba, nenhuma ação teria sido suspensa até então, nenhum ação de pessoas investigadas pela Lava Jato".
A petista pontuou que Mendes é apenas um dos doze integrantes do STF, e que nem todos têm a mesma posição "visivelmente militante" do juiz. "Acho que no Brasil nós não podemos ter dois pesos e duas medidas. Quando se investigar, que se investiguem todos. Ninguém pode ser poupado da investigação", defendeu.
Sobre a possibilidade de que a operação Lava Jato possa ser enterrada depois de sua saída, a presidente afastada afirmou considerar que o risco existe, mas ponderou que a investigação tem muitos atores. "Não acho que seja trivial enterrar a Lava Jato."
Ela questionou, no entanto, a possibilidade do governo não mais indicar o primeiro nome da lista tríplice do Ministério Público para o cargo de procurador-geral da República, uma tradição que teria começado com o presidente Lula e cujo fim foi aventado pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes esta semana. Esta possibilidade, no entanto, foi desautorizada pelo presidente interino Michel Temer no mesmo dia.
Dilma aproveitou para justificar o fato de Cunha ter sido parte de seu governo, afirmando que ele faz parte do PMDB "o qual, desde 1999, constrói a maioria com os governos". Ela afirmou também ter tido atritos com o ex-presidente da Câmara dos Deputados ao longo do segundo governo. "Ele é muito bom de agir nas trevas".
A presidente afastada disse ainda considerar "um absurdo" a mudança da orientação da política externa, principalmente em relação aos países do Mercosul e dos Brics. "Espero que não cometam esse absurdo para com o País", disse.