A presidente afastada Dilma Rousseff conseguiu obter mais 30 dias para apresentar ao Tribunal de Contas da União (TCU) a defesa que justifica as contas do governo federal em 2015. Fontes próximas a Dilma confirmaram que o novo prazo começará a valer a partir desta segunda (25).
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A defesa da petista argumentou que ela só conseguiria responder aos questionamentos com base nos subsídios das áreas técnicas, entretanto, algumas informações não foram disponibilizadas.
O relator do processo, ministro José Múcio Monteiro, disse que na análise das contas de 2014 o prazo também foi estendido e que antes de deferir o pedido feito pela presidente Dilma consultou outros ministros da Corte.
Auditoria do TCU concluiu que o governo da petista fez empréstimos ilegais com dois bancos públicos no ano passado. O relatório de técnicos da corte confirma que a gestão de Dilma repetiu as pedaladas fiscais - uma das bases do processo de impeachment que tramita contra Dilma no Senado - no primeiro ano de seu segundo mandato e indica a responsabilidade de 11 autoridades da equipe econômica nas irregularidades, entre elas o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.
A avaliação de fontes ligadas à presidente afastada é que ainda é cedo para avaliar se o aumento do prazo para a defesa pode ter alguma interferência no processo de impeachment. O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que atua como advogado de Dilma no Senado, disse que a prorrogação não "muda em nada" a estratégia da defesa.
Bancos
Conforme o parecer do TCU, o Tesouro Nacional atrasou repasses devidos não só ao Banco do Brasil para bancar juros subsidiados pelo governo - o que é citado no processo de impeachment -, mas também ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No entendimento dos auditores da corte, esses atrasos caracterizaram operações de crédito entre as instituições financeiras estatais e seu ente controlador, a União, o que afronta a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Além das pedaladas, foram apontadas outras falhas, como o pagamento de débitos com o FGTS sem a devida autorização em lei.
As pedaladas somaram R$ 5,63 bilhões no caso do Banco do Brasil e R$ 8,04 bilhões no caso do BNDES. As conclusões reforçam argumentos de senadores favoráveis ao afastamento definitivo de Dilma e devem também influenciar eventual parecer da corte pela reprovação das contas de 2015 do governo da petista.
Em 15 de junho, o tribunal já havia apontado indícios de irregularidades nos balanços apresentados pela gestão da presidente afastada, abrindo prazo para que ela apresentasse defesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.