Na sua primeira entrevista como presidente da República, Michel Temer, 75, afirmou ao Jornal carioca O Globo que o reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) "gera umas cascata gravíssima" e admitiu ter recebido telefonema de governadores para "não deixar passar" a medida. Há 11 dias no cargo, Michel Temer já enfrenta testes duros para definir os novos rumos econômicos do País. O aumento do Supremo faz parte do projeto que eleva o teto dos vencimentos do judiciário de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil.
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"Isso daí (reajuste) gera uma cascata gravíssima. Porque pega todo o Judiciário, outros setores da administração, todo o Legislativo. Os telefonemas que eu recebi dos governadores foram: “Pelo amor de Deus, Temer, não deixa passar isso", revela Temer; que já emenda a resposta à situação econômica do País.
"É extremamente preocupante. Basta verificar os dados: R$ 170 bilhões de déficit, 12 milhões de desempregados. A gente tem de fazer com que a economia venha a reagir. Há sempre preconceito ideológico, você tem de dar emprego, mas não pode prestigiar a indústria. Como é que você vai gerar emprego, se não tem indústria, negócio funcionando? Antes de recuperar a economia tem de recuperar a confiança. Quando aprovarmos o teto de gastos, encaminharmos a reforma da Previdência e ela começar a se processar no Congresso, o País vai crescer. Crescendo, cresce a arrecadação. Se cresce a confiança, cresce a arrecadação, cresce a estabilidade social.
Reforma Trabalhista
Sobre a polêmica da reforma trabalhista e a mudança de 8 para 12 horas de trabalho, o presidente garantiu que as pessoas entederam errado por conta da "falta de leitura". "É falta de leitura, data venia. Porque ontem (quinta-feira) falei com o ministro do Trabalho, assim que recebi a primeira notícia e ele me disse: acabei de me reunir com as centrais sindicais e eles estão de acordo, querem trabalhar nessa ideia", pontuou.
Segundo Temer, "se fizer 12 horas, o empregado tem a possibilidade de ter outro emprego, ou então de ficar de folga três dias por semana".
Reforma da Previdência
Já quando o assunto é reforma da previdência, o presidente assume que as ideias ainda "não estão concluídas" e esse seria o motivo do projeto ainda não ter sido enviado ao Congresso. "Vamos tentar fazer uma campanha de esclarecimento, é fundamental", diz sobre a forma de "convencer" a população.
O pacote de concessões ainda não foi definido, Mas para Michel " o que for possível" será concedido. "Sem preconceitos", frisa.
Manifestações
As manifestações parecem não serem ameaçadoras a Temer. Em resposta sobre a crescente onda de insatisfação nas ruas, ele revela: "a notícia que eu tinha era de um pessoal que saiu queimando pneu e destruindo carros, os chamados black blocs, e eu respondi: “Olha, são pessoas que se reúnem para depredar”. [...] "Depois, quando saíram milhares de pessoas às ruas, nós começamos a dizer: tem que se respeitar".
Michel Temer concedeu entrevista à publicação nessa sexta-feira (9).