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Lula: ''Eu cumprimentaria Moro''

Ex-presidente afirmou que não faz ''política com o fígado'', mas voltou a criticar ações do Ministério Público

Mariana Araújo
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Publicado em 23/09/2016 às 9:12
Foto: Fabiano Lopes/Especial para o JC
Ex-presidente afirmou que não faz ''política com o fígado'', mas voltou a criticar ações do Ministério Público - FOTO: Foto: Fabiano Lopes/Especial para o JC
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O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista exclusiva à Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (22), que cumprimentaria o juiz federal Sergio Moro, da Operação Lava Jato, caso o encontrasse em um corredor. Mas, ao final, voltou a alfinetar o Ministério Público e a Justiça Federal. 

"Eu cumprimentaria ele. Sou um ser humano que não faz política com o fígado. Ele (Moro) tem uma ideia equivocada. Ele construiu uma teoria na cabeça dele de que não vai conseguir fazer a investigação se não vazar informações para a imprensa", disse o ex-presidente, que recebeu a Rádio Jornal no hotel onde está hospedado no Recife. Na noite dessa quinta (21), Lula participou de um comício do candidato a prefeito João Paulo

Lula disse, ainda, que não ficará calado diante da situação do País. O petista pretende concorrer novamente à eleição em 2018. "Durante muito tempo fiquei sem falar porque a Dilma era presidente e agora estou com vontade de falar. Alguém tem que gritar nesse País, alguém tem que falar a verdade. Não vou admitir que meia dúzia de meninos que fizeram um curso de direito e passaram num concurso sejam maiores do que um homem de 71 anos", declarou o ex-presidente. 

"Estão me investigando há dois anos. Só queria que se eles descobrissem algum crime que cometi e não sabia. Sou um cidadão que está subordinado à lei como qualquer um. Não quero o privilégio da lei. Sou favorável à investigação mais séria, precisa um julgamento correto, direito à defesa. Sou um ex-presidente da República. Quando a PF foi lá em casa, foram levantar meu colchão como se eu fosse um bandido", disse Lula. 

Questionado sobre se tinha se arrependido de nomear pessoas para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para o Ministério Público Federal (MPF), Lula disse que não. "A gente não indica as pessoas para proteção para a gente, a gente indica para serem guardiões da Constituição", acrescentou o ex-presidente.

"Estou muito ofendido pessoalmente com o que está acontecendo no Brasil. Depois de toda luta, jamais imaginei que ia viver um golpe para tirar uma presidente eleita pelo voto. Jamais imaginei uma cena como a de ontem (quinta) quando a Polícia Federal vai dentro de um bloco cirúrgico para prender um ex-ministro", disse o ex-presidente sobre a prisão, depois revogada, do ex-ministro da Fazenda de Dilma, Guido Mantega. "A PF, a mando de de não sei quem, mandou o cidadão para uma prisão, quando poderia ter intimado ele quantas vezes fosse possível", completou o petista sobre o assunto.  

EIKE BATISTA 

Lula disse, ainda, que não tinha proximidade com o empresário Eike Batista durante o seu governo. O empresário foi apontado pela Polícia Federal como o delator de um recebimento de propina pelo ex-ministro Guido Mantega. "Tive pouca relação durante todo o meu mandato. Ele era tido como um dos mais bem sucedidos empresários da América Latina. Ele era uma figura bajulada, era só pegar o que se escrevia do Eike Batista. Se ele fez, ele cometeu um crime, ele paga pelo crime. Não sei se foi verdade o que ele falou", disse Lula. O ex-presidente afirmou, ainda, que não havia conversado com Mantega após a prisão dele, nesta quinta (22).

O ex-presidente Lula chamou a Operação Arquivo X, que prendeu Mantega, de "Operação Boca de Urna". "Nós estamos na véspera da eleição e me parece que há quase um propósito. Um bando de menino procuradores. Respeito a instituição do Ministério Público, participei da criação na Constituinte. Sou um defensor. Mas toda instituição tem gente boa e ruim. Tem um bando de meninos que parece que foram ungidos para serem salvadores. Ninguém pode ser condenado porque tem convicção, tem que ter provas", declarou o ex-presidente. 

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