“Quando se discute um projeto para o País não se pensa na questão étnico-racial. Prefeitos, governadores não tematizam isso. No horizonte ideológico e programático isso não existe”. A avaliação é do historiador e padre jesuíta Clóvis Cabral, que coordena na Unicap o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas. Segundo ele, com a queda dos partidos de esquerda, em meio às denúncias e investigações da Operação Lava Jato, muitos militantes se afastaram do processo político.
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“Pensávamos que o Brasil daria um salto, mas parece que houve uma inflexão. Como se alguém tivesse decretado que é hora de voltar atrás”, afirma Cabral, defendendo uma autocrítica dos partidos. Ele destaca ainda que, no passado, governos do PMDB, na década de 1980, e o de Fernando Henrique (PSDB) ensaiaram ações para esses segmentos.
Para a professora Céli Regina Jardim Pinto, da UFRGS, três motivos ajudam a explicar a baixa participação da mulher na política: a questão cultural que dá às mulheres um papel mais doméstico, as estruturas partidárias oligárquicas e o sistema eleitoral. “O eleitor do PSDB jamais vai deixar de votar em uma mulher para votar num candidato homem do PT. O eleitorado não é machista. Em eleições majoritárias, ele vota na mulher do seu partido. Agora, quando tem uma gama de pessoas para escolher, ele tende a não votar em mulher.”
A lei eleitoral garante que pelo menos 30% dos candidatos a deputado ou vereador sejam mulheres. Mas para Céli, o modelo de cota não tem modificado a baixa participação delas no Legislativo. Ela defende o sistema de lista fechada com o nome de mulheres e homens intercalados.